2 de maio de 2012

sustentabilidade depende da ação de líderes na economia (entrevista - gunilla carlsson, ministra da Suécia).

 Data: 30/04/2012 via Radar Rio+20
Autor(es): Vinicius Neder* Enviado especial o ESTOCOLMO
Para ministra da Suécia, tecnologia é saída para crescer sustentavelmente 

Trazer a economia para o centro do debate sobre desenvolvimento sustentável é a única forma de fazer as negociações avançarem, na avaliação da ministra da Cooperação para o Desenvolvimento Internacional da Suécia, Gunilla Carlsson.  No cargo desde 2006, Gunilla chefiará na Rio+20 uma delegação que qualifica como de alto nível, que deverá incluir o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, e o rei Carl XVI Gustaf.  Apesar disso, ela reconhece que o momento político internacional é difícil.  Por causa da crise e de um ano de eleições em vários países, é um momento difícil para o Brasil, como anfitrião, fazer os líderes irem disse Gunilla em entrevista exclusiva ao GLOBO após a Estocolmo+40, conferência preparatória para a Rio+20 promovida pelo governo sueco nesta semana, reconhecendo os esforços do Brasil para garantir a presença de líderes mundiais.  O que temos que fazer na Rio+20 é nos recomprometermos com os compromissos já feitos.

O GLOBO: O momento da diplomacia mundial não é des favorável à discussão sobre desenvolvimento sustentável na Rio+20?

GUNILLA CARLSSON: Há muitas expectativas e oportunidades.  E um senso de urgência de que precisamos nos comportar de f orma mais responsável, para ter mais sustentabilidade tanto econômica quanto social.  Os últimos anos de crises, pobreza persistente, mudanças climáticas e instabilidade 

PARA a ministra Gunilla, Rio+20 tem oportunidades e desafios 

Penso e insisto que temos que começar mudando as realidades econômicas.  A China e tantos outros viram isso financeira mostram que é preciso que os líderes se juntem e concordem que temos que resolver as coisas em conjunto.  Por outro lado, sei que, por causa da crise e de um ano de eleições em vários países, é um momento difícil para o Brasil, como anfitrião, fazer os líderes irem, pois eles estão preocupadas com questões nacionais.  Pela Suécia, estarei chefiando uma delegação de alto nível. 

E quais as expectativas para a conferência?

GUNILLA: Acho que vamos concordar sobre a necessidade de metas para o desenvolvimento sustentável.  Mas o que temos que fazer na Rio+20 é nos recomprometermos com os compromissos já feitos.  Temos que começar a entregar (resultados) e prometer que vamos usar as belas convenções existentes.  Agora, como estamos falando de economia, se pudermos concordar em como dar valor aos recursos (naturais) e medir externalidades (como o aquecimento global) seria bom para construir um ambiente favorável ao crescimento.  Estamos indo para a sustentabilidade de uma forma ou outra.  Todos têm que repensar um pouco.  Gosto de ver o Rio como um trampolim para algo novo que seja para todos nós.

Será difícil a Rio+20 ser uma conferência de finitiva?  

GUNILLA: Exatamente.  O mais importante é que reconheçamos que precisamos começar a medir (recursos naturais e externalidades), mesmo que não estejamos prontos para concordar sobre como fazer isso.

O quão importante é trazer a discussão econômica para dentro do desenvolvimento sustentável?

GUNILLA: E o único jeito de fazer isso para valer.  O chamado mundo em desenvolvimento está liderando o crescimento, com novos mercados e novos consumidores, na China, na América Latina, na Africa.  As coisas estão mudando.  O racional econômico de crescer a essa velocidade é também mostrar que os preços e os custos de não ter preocupações ambientais estão lá.  E por isso que penso e insisto que temos que começar mudando as realidades econômicas.  A China e tantos outros viram isso.  E por isso que a agenda da sustentabilidade em relação à proteção do ambiente está agora na mesa.  Mas também sabemos que ainda há pobreza.  Vimos a China tirar milhões e milhões da pobreza graças ao crescimento, investimen tos em educação e saúde.  E por isso que acredito no desenvolvimento.

Como colocar juntos crescirnento e sustentabilidade?

GUNILLA: Tentando usar a ciência que temos.  Precisamos entender que os recursos são os seres humanos, que a economia e a maqumaria e que os msumos sao o ambiente.  E temos que ser cuidadosos com os recursos naturais.  Se tivermos um acordo inicial para reconhecer e entender a importância de começar a medir (o valor dos recursos naturais e de externalidades)... Estou otimista, mas ainda é uma nova forma de pensar, uma nova forma de fazer política global.  Não estamos apenas fazendo belas convenções, mas colocando isso no centro da política e da economia.  ( ) O repórter viajou a convite da Embaixada da Suécia

"Nos temos que trazer o setor privado"

O GLOBO: E um grande desa fio juntar crescimento e sustentabilidade? 

GUNILLA: Sim, mas já era o que decidimos em Estocolmo há 40 anos.  Naquele tempo, já falávamos dos três pilares da sustentabilidade (ambiental, econômico e social).  Não de uma forma tão concreta, pois era uma conferência ambiental.  Então veio a Comissão Brundtland (comissão das Nações Unidas liderada pela ex-primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, cujo relatório foi lançado em 1987) e a última vez que estivemos no Rio (em 1992) tratou-se dos três aspectos.  Agora, finalmente, estamos começando a ver como colocar os três juntos.  Pela primeira vez, e com o forte encorajamento do Brasil, vimos que nós temos que usar o setor privado, pois é nele que os recursos são criados.

Qual sua avaliação sobre os esforços do governo brasileiro em tomo da Rio+20?

GUNILLA: Estou impressionada.  Mesmo com a incerteza e os problemas que algumas nações estão enfrentando, o Brasil está insistindo em ser um bom anfitrião, preparar muito bem a conferência e ter a confirmação de chefes de Estados.  Também sei como as pessoas estão tentando fazer isso de forma mais moderna.  Nunca vi antes um pensamento tão profundo sobre como engajar a sociedade civil, trazendo diferentes atores.  (Vinicius Neder.  Enviado especial). 


28/04/2012Fonte: O Globo

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