18 de maio de 2012

brasileiro, consumidor irresponsável?

Outras Palavras 17 maio
Daniela Frabasile
Surpresa: pesquisa internacional revela que, ao contrário do que se pensava, população está propensa a pesar origem dos produtos, nas decisões de compra



Marcante em muitos países da Europa, a noção de consumo responsável é vista às vezes como muito sofisticada para os brasileiros. O senso comum sugere que boa parte dos europeus estão dispostos a pagar mais por produtos que não agridem nem os direito sociais, nem a natureza – mas a lógica no chamado “terceiro mundo” é mais primária. Aqui, a maioria – que pode, pela primeira vez, consumir mais que o indispensável – não estaria preocupada com as consequências sócio-ambientais de suas compras.
Estas opiniões precisam, agora, ser melhor avaliadas. Acaba de ser lançado o relatório Biodiversity Barometer 2012. Produzindo pela União pelo Biocomércio Ético, uma entidade internacional, ele avalia periodicamente hábitos de consumo em países de diversos graus de desenvolvimento econômico. Neste ano, os consumidores da França, Alemanha, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos foram comparados aos do Brasil, Índia e Peru. Os resultados são surpreendentes. Pela primeira vez essa pesquisa procurou os consumidores brasileiros.
Segundo a pesquisa, os consumidores dos oito países acreditam que preservar a biodiversidade e garantir uma economia sustentável é responsabilidade principalmente do governo, em segundo lugar das empresas, e depois dos próprios consumidores. Pelos dados, 75% dos entrevistados acreditam que o setor privado tem um papel importante no desenvolvimento de uma economia sustentável.
Além disso, a pesquisa também mostra as diferenças entre as populações de cada país. Ao serem indagados sobre se já ouviram falar de desenvolvimento sustentável, 95% dos consumidores brasileiros responderam que sim. Nesse quesito, o Brasil fica atrás apenas da França, com 96% de respostas afirmativas. Logo atrás do Brasil, aparece a Suíça (92% de respostas afirmativas). Alemanha e Reino Unido aparecem abaixo (com 81% e 77%, respectivamente). Nos Estados Unidos, 64% dos consumidores já ouviram falar em desenvolvimento sustentável, à frente apenas de Índia (com 52%) e Peru (49%).
Por outro lado, o barômetro também mostra que existe uma diferença entre estar familiarizado com o termo e entendê-lo realmente. Quando a pergunta é sobre biodiversidade, 97% dos brasileiros entrevistados já ouviram falar, porém apenas 48% definiram o termo corretamente, e 22% de forma parcialmente correta.
Nos Estados Unidos, apenas 53% dos entrevistados sabiam do que se trata o termo, sendo que 21% dos consumidores definiram o termo corretamente. Dentre os países onde a pesquisa foi feita, a Índia foi onde os consumidores menos sabiam sobre biodiversidade: apenas 19% já ouviram o termo, e 0,4% soube definir corretamente.
Sobre como as pessoas aprenderam a definição de biodiversidade, o meio mais importante foram programas de televisão e documentários. Depois desse meio, o aprendizado fica a cargo de artigos em jornais e revistas, e abaixo disso, escolas e universidades. No Brasil, as propagandas são a segunda principal fonte de informação sobre biodiversidade, sendo que somando todos os países, as propagandas aparecem em quinto lugar.
Na questão do consumo, os dados mostram que 94% dos consumidores brasileiros dizem procurar comprar cosméticos que usam ingredientes naturais, acima dos 85% que aparecem na soma de todos os países. 84% dos brasileiros afirmam que prestam atenção às certificações ambientais e éticas, quando o total dos países aparece com 74%; e 87% dos brasileiros dizem se importar com a procedência dos ingredientes em cosméticos, o total nos países é de 69%.
Outro dado importante que pode orientar as empresas é que 78% dos entrevistados afirmam que as empresas certificadas por organizações independentes têm maior credibilidade frente ao consumidor.
Os consumidores também alegam querer mais informações sobre a origem dos ingredientes naturais presentes nos produtos. Dos consumidores brasileiros, 94% mostram interesse em saber mais sobre os recursos e obtenção das matérias-primas.
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