5 de maio de 2012

empresas ‘sustentáveis’ são mais lucrativas: dados sobre companhias ‘verdes’ serão divulgados na Rio+20.


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Bovespa realiza estudo inédito sobre ações de sustentabilidade corporativa.
Matéria em O Globo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4488

EcoDebate, 04/05/2012

O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa – que reúne as 200 ações de empresas mais líquidas, que são analisadas nos quesitos eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa – mostra que ser sustentável também pode ser mais lucrativo. Segundo dados da BM&F Bovespa, nos últimos 12 meses, até março, o indicador (que serve de parâmetro para investidores com preocupações éticas) se valorizou 5,15% enquanto o Ibovespa, o principal índice da Bolsa, apresenta queda de 5,94% no mesmo período. No ano, também até março, o ISE acumula alta de 13,82% contra uma valorização de 13,67% do Ibovespa.
“Há meses em que o ISE tem desempenho melhor que o Ibovespa. Em tempos de turbulência no mercado, o que se vê é que o ISE perdeu menos que o Ibovespa”, ressalta Sonia Favaretto, diretora de Sustentabilidade da BM&F Bovespa.
Dar transparência as ações de sustentabilidade das empresas listadas na Bovespa é o objetivo de um levantamento inédito que será divulgado durante a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho no Rio de Janeiro. As informações foram prestadas pelas próprias companhias e compiladas pela BM& Bovespa, com ajuda do Global Reporting Iniciative (GRI), uma ONG holandesa responsável pelas diretrizes mais utilizadas internacionalmente para a elaboração de relatórios de sustentabilidade.
Aquelas empresas que ainda não produzem relatórios de sustentabilidade ou documento similar terão que explicar a razão pela qual ainda não o fazem. “Hoje as empresas já estão entendendo a importância de ações de sustentabilidade, tanto que entre os emergentes o Brasil é o país com maior número de empresas com relatórios de sustentabilidade no modelo GRI”, diz Sonia Favaretto.
Atualmente 131 empresas companhias utilizando relatórios ambientais no modelo GRI no Brasil, não necessariamente todas são de capital aberto. Ter um relatório de sustentabilidade não é obrigatório para que uma empresa possa negociar suas ações na Bovespa. Mas, a partir deste ano, a BM&F Bovespa está recomendando que as empresas indiquem no Formulário de Referência – espécie de carteira de identidade das companhias – se publicam um relatório de sustentabilidade ou um documento similar. O Formulário de Referência, que deve ser entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até 31 de maio, traz informações relevantes para os investidores e o mercado em geral. Após compilados os dados a Bovespa se saberá com exatidão quantas empresas listadas usam formulários GRI ou outro documento. Por enquanto, não existe esse levantamento.
“Com a recomendação da BM&F Bovespa, chamada de ‘Relate ou Explique’, acreditamos que estamos dando o primeiro passo para que todas as empresas passem a pensar no assunto [a realização dos relatórios]“, afirma Sonia.
Na Bolsa de Valores de Johanesburgo, na África do Sul, por exemplo, ter informações de sustentabilidade é um dos critérios para que uma empresa seja listada no pregão desde 2010. Na França e na Dinamarca também. Na Suécia, empresas de controle estatal também têm que apresentar esse documento.
Desde janeiro, a Bovespa vem sendo realizando workshops com empresas interessadas em organizar suas informações de sustentabilidade. Mais de 200 profissionais foram treinados, entre eles, representantes de companhias como Itaú Unibanco, Santander, Brookfield, Cesp, BR Foods, Braskem, Fertlizantes Heringer, Celulose Irani, EBX, OSX, Hypermarcas e Cyrella.
A diretora de Sustentabilidade da Bovespa afirma que é difícil encontrar atualmente uma empresa que não tenha qualquer ação de sustentabilidade. Mas, por desconhecimento, avalia Sonia, essas ações não são classificadas corretamente. Foi esse desconhecimento que levou a Bovespa a lançar uma cartilha para orientar as companhias sobre ações de sustentabilidade no dia a dia corporativo. “Algumas empresas que fazem ações de ecoeficiência, como economizar papel ou água, não classificavam essas práticas como sustentabilidade. Mas o mais importante é que cada vez mais as companhias tragam esse tipo de ação para o seu negócio. Por exemplo, um banco que empresta dinheiro para a construção de um empreendimento imobiliário numa are ambiental, deve estar atento aos critérios de sustentabilidade”, destaca Sonia.
Dentro desse preceito de maior transparência o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) também sofrerá mudanças. Para fazer parte do indicador, as empresas precisam passar por uma avaliação feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), na qual são analisados documentos e é respondido um questionário sobre as práticas da empresa. As respostas a esse formulário, no entanto, são sigilosas, o que é criticado por especialistas. Agora haverá no questionário a opção para que a empresa permita a divulgação de suas respostas. Outro ponto controverso em relação ao índice, o fato de não existir restrição à participação de qualquer setor – diferentemente do que acontece na Bolsa de Londres, por exemplo, na qual não podem participar empresas que fabricam armas, fumo ou bebidas – ainda está sem solução. “Aqui, se a empresa é legal, tem capital aberto, pode integrar o índice”, defende a diretora da Bovespa.


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