28 de fevereiro de 2012

o fiscal do sarney.



Ao ver o cinegrafista Clayton Taborda, do Canal 12 (Globo Paraná), o consumidor Omar Marczinsky se entusiasmou e fechou um supermercado em Curitiba, em 1986, no início do Plano Cruzado. Veja as imagens.

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25 de fevereiro de 2012

she's alive... beautiful... finite... hurting... worth dying for.


[ dica da alexandra fb ]

This is a non-commercial attempt to highlight the fact that world leaders, irresponsible corporates and mindless 'consumers' are combining to destroy life on earth. It is dedicated to all who died fighting for the planet and those whose lives are on the line today. The cut was put together by Vivek Chauhan, a young film maker, together with naturalists working with the Sanctuary Asia network (www.sanctuaryasia.com).

Content credit: The principal source for the footage was Yann Arthus-Bertrand's incredible film HOME http://www.homethemovie.org/. The music was by Armand Amar.
Thank you too Greenpeace and http://timescapes.org

24 de fevereiro de 2012

#phdfeelings

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comprador compulsivo necessita de tratamento específico.

24/02/2012 12:35:50
Júlio Bernardes, da Agência USP -> LINK ORIGINAL AQUI

* ilustração do MALAGÓN *
A compra compulsiva é um distúrbio psicológico que possui caraterísticas diferentes das observadas em portadores de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e do Transtorno Bipolar. É o que revela uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Devido aos sintomas distintos apontados pelos compradores complusivos, o estudo da psicóloga Tatiana Zambrano Filomensky defende o desenvolvimento de novos tratamentos voltados especificamente aos portadores do distúrbio, ao invés da aplicação dos métodos utilizados nos pacientes de TOC e Transtorno Bipolar.
A partir de questionários aplicados em pacientes, a pesquisa verificou que a principal característica do comprar compulsivo é uma falha em resistir ao impulso de comprar, que pode gerar prejuízos pessoais, financeiros e familiares. “O paciente apresenta uma deficiência no planejamento de suas ações e impulso de aquisição excessiva”, descreve Tatiana. “Desta forma, o comprador compulsivo não pensa nas consequências dos seus atos a longo prazo, levando em conta apenas a satisfação do momento de comprar”.
Entre os portadores de TOC, as características mais apontadas na pesquisa foram a repetição constante dos gestos de lavagem (preocupação com contaminação) e checagem. “No caso do Transtorno Bipolar, foram estudados os portadores do Tipo 1, o mais clássico, em que os períodos de mania e depressão são mais definidos, evitando a possibilidade de erro diagnóstico”, afirma Tatiana. “O gasto excessivo é um dos sintomas do estágio de mania, que é o período de maior agitação e euforia nos bipolares”.
Diferenças
Segundo a psicóloga, a instabilidade afetiva dos portadores de transtorno bipolar pode levá-los a comprar compulsivamente no estado de mania. “Entretanto, nos compradores compulsivos, não é a perda de regulação do humor que os leva a comprar”, ressalta.
“A única aproximação verificada entre portadores de TOC e compradores compulsivos é a aquisição compulsiva, sintoma que está relacionado com o transtorno de armazenamento compulsivo ou hoarding”, conta Tatiana. “Apesar dessa interface, as características mais comuns apontadas nos dois transtornos são muito diferentes”.
Participaram da pesquisa 85 pessoas. Os compradores compulsivos vieram do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Pró-AMITI) do Instituto de Psiquiátria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP. O tratamento é realizado em conjunto com o dos portadores de outros distúrbios. Os pacientes com TOC e Transtorno Bipolar participam do Programa Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (PROTOC) e do Programa de Transtorno Bipolar (PROMAN), também realizados pelo IPq. A pesquisa foi orientada pelo professor Hermano Tavares, da FMUSP.
De acordo com a psicóloga, as principais características dos compradores compulsivos são a falta de planejamento e o impulso de aquisição excessiva, o que revela sintomas próprios independentes dos verificadas em outros transtornos. “Isso deve ser considerado pela Medicina para desenvolver tratamentos específicos para a compra compulsiva”, ressalta Tatiana, “e não aplicar os métodos já utilizados nos pacientes de TOC e Transtorno Bipolar”.
(Agência USP)

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16 de fevereiro de 2012

"não se pode ter dois padrões de consumo, para país rico e pobre".

06/02/12 

“O Banco Mundial, o FMI e a OMC também têm que ser defensores 
do desenvolvimento sustentável” 

Por Daniela Chiaretti - Valor Econômico, BSB

O embaixador André Aranha Corrêa do Lago, de 52 anos, é um economista apaixonado por arquitetura e um diplomata que fala direto. “O que não se pode aceitar é que os países desenvolvidos considerem que nós temos que repensar o que é padrão de consumo de classe média, e eles, não”, diz, referindo-se às negociações da Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em junho, no Rio.
Lago, que serviu nas embaixadas brasileiras em Madri, Praga, Washington, Buenos Aires e na missão brasileira junto à União Europeia, em Bruxelas, diz claramente que a Rio+20 é uma conferência sobre desenvolvimento sustentável, com seus pilares econômico, social e ambiental. Não é só frase de efeito. “Os europeus dizem que o Brasil está tirando o foco da Rio+20″, menciona. Lago não é explícito, mas trata-se de uma referência ao esforço europeu, encabeçado pela França, de aprovar na Rio+20 a criação de uma agência ambiental mundial, ideia que o Brasil não apoia. “A Rio+ 20 não é uma conferência ambiental, é sobre desenvolvimento sustentável. Quem está tirando o foco da Rio+20 são eles, colocando apenas o pilar ambiental na mesa.”
O negociador-chefe do Brasil para a Rio+20 diz que os empresários são peças-chave em uma conferência que quer desenhar o desenvolvimento do mundo para os próximos 20 anos. E que um dos desafios da Rio+20 é “convencer o empresariado médio e micro que o desenvolvimento sustentável não é agenda apenas de multinacionais gigantes, que têm dinheiro sobrando e que, portanto, podem investir nessas outras dimensões.”
Nesta entrevista ao Valor, concedida em seu gabinete no Itamaraty, ele fala dos emergentes, da mudança necessária nos padrões de produção e consumo e no papel do Brasil. Leia trechos:
Valor: As pessoas não têm ideia clara do que é a Rio+20. O senhor pode explicar?
André Aranha Corrêa do Lago: A Rio+20 pertence a uma família de conferências das Nações Unidas que só acontece com pouca frequência. São conferências de questionamento geral e trabalham com o longo prazo. A Rio+20 têm várias dimensões, mas sua definição formal é que é uma conferência da ONU que vai reunir todos os países do mundo para debater temas que só são discutidos neste nível de profundidade a cada 10 ou 20 anos. É completamente diferente da conferência de Copenhague (em 2009, na Dinamarca) ou da de Durban (em 2011, na África do Sul), que são as reuniões anuais da negociação de mudança do clima.
Valor: O que pode sair dela?
Lago: Por ser rara e ambiciosa, podem sair daí coisas como na Rio 92 que, no momento em que acontecem a gente não se dá conta do quanto são importantes.
Valor: Quais coisas?
Lago: Quando foi assinada a Convenção do Clima, na Rio 92, ninguém podia imaginar que 20 anos depois ela se tornaria a principal negociação econômica no mundo. Mas essas conferências, ao trabalharem com o longo prazo, têm também enorme grau de incerteza. Existem processos que param no meio e outros que inspiram toda uma geração.
Valor: O produto principal da Rio+20 é um documento que pode dizer o quê?
Lago: O produto principal da Rio+20 é reunir todos os países e as melhores mentes das instituições internacionais e repensar o desenvolvimento do mundo. Em momentos como o de hoje, quando pensamos no curto prazo – como nas reuniões do G-20, onde todos pensam como será a crise em uma semana, um mês ou um ano -, a grande contribuição da Rio+20 é pensarmos o que queremos para o longo prazo. É a conferência para tentar determinar qual o nosso objetivo comum para as próximas décadas.
Valor: A Rio+20 tem duas frentes, da economia verde e da governança. Pode explicar?
Lago: Isso são os mandatos. Quando se tem uma conferência das Nações Unidas, todos os países do mundo têm que concordar em qual vai ser a agenda. Não é uma decisão nem das Nações Unidas, nem do país anfitrião. É uma decisão de todos. Neste caso, a decisão foi de que a Rio+20 deveria se concentrar em dois temas: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a governança internacional do desenvolvimento sustentável, ou seja, de que maneira vamos estruturar o debate internacional em torno dessa questão.
Valor: O senhor mencionou outro dia que o “espírito de Estocolmo” está sendo sentido de novo, e de maneira forte, nas negociações da Rio+20. O que quer dizer?
Lago: Quando ocorreu a 1ª conferência ambiental da ONU, em Estocolmo, em 1972, no período preparatório os países em desenvolvimento reagiram muito mal à introdução da questão do ambiente porque interpretavam que era uma deturpação do debate. Que o debate legítimo da ONU, desde os anos 50, era o desenvolvimento. E, graças ao Brasil e há alguns outros em desenvolvimento, caiu a ficha e a questão do ambiente passou a ser ligada diretamente à do desenvolvimento. O consenso foi de que não se podia desligar os dois.
Valor: Mas a participação do Brasil foi esquisita, defendendo o crescimento a qualquer custo…
Lago: Não, isso foi muito mal interpretado naquela época, parecia que o Brasil estava atrapalhando uma agenda progressista. Mas naquele período houve um relatório com grande impacto, do Clube de Roma. Era um clube de grandes empresários e, nesse relatório, havia uma renovação daquelas preocupações malthusianas [economista britânico Thomas Malthus] de que nunca ia haver suficientes recursos naturais para todo mundo.
A solução que as pessoas encontravam era “controle a população dos países em desenvolvimento, porque senão eles vão consumir o que nós precisamos”. Isso classifica o mundo em duas categorias, aqueles que já chegaram a um certo nível de consumo e acham legítimo continuar a tê-lo e querem restringir o crescimento dos outros. Isso acabou mudando. Mas muitos países europeus não se convenceram disso.
Valor: Este espírito voltou nas negociações da Rio+20?
Lago: O espírito pré-Estocolmo é a visão de que o problema do mundo é que tem pobre demais e poucos recursos naturais. Hoje isso está retornando.
Valor: Bom, mas não é verdade que no mundo há pobres demais e recursos naturais de menos?
Lago: Agora a preocupação é outra: os pobres estão virando classe média. E não se achava que isso ia acontecer tão rápido. Entre China, Brasil, Índia e outros países em desenvolvimento estamos botando centenas de milhões de pessoas na classe média. Estas pessoas estão consumindo mais, o que é uma ótima notícia. E também é verdade que isso representa um desafio para o ambiente. Mas a solução não é restringir o consumo só deles. A solução é um esforço mundial para que não haja uma divisão do gênero: a classe média americana pode ter quatro carros e classe média indiana tem que andar de bicicleta.
Valor: A sinalização dos países desenvolvidos é “vocês chegaram à classe média na hora errada?”
Lago: A sinalização é a seguinte: “Nós inventamos esse conceito de classe média meio para a gente. Não é para vocês, não”. Isso não é possível. Os países em desenvolvimento, com toda razão, consideram que, é claro que temos todos que nos preocupar com as emissões e as consequências da entrada de milhões de pessoas na classe média mundial. Mas não podemos aceitar que vá haver duas classes médias, duas categorias diferentes.
O que achamos é que os países desenvolvidos, em vez de se preocupar tanto com o que está acontecendo nos países em desenvolvimento, deveriam mostrar o caminho. Isso está já determinado desde o Rio de Janeiro, em 1992. Um dos princípios do Rio é a mudança dos padrões insustentáveis de produção e consumo, com os países desenvolvidos tomando a liderança. Temos que criar uma ideia de classe média que seja atraente o suficiente para europeus e americanos, e atraente o suficiente para indianos e brasileiros.
Valor: Este ponto, na Rio+20, pode ter qual formato?
Lago: Tem que ser uma questão absolutamente chave. Se estamos trabalhando na Rio+20 para os próximos 20 anos, temos que pensar em medidas que teremos que tomar internacionalmente e que tenham impacto para as próximas duas décadas. A perspectiva é que até lá centenas de milhões de pobres deixarão de ser pobres, o que é uma maravilhosa notícia. Essa visão dramática do mundo tem que ser equilibrada pelo lado positivo do que está acontecendo. Mas temos, sem a menor dúvida, todos, que repensar nossos padrões de consumo. O que não se pode aceitar é que os desenvolvidos considerem que nós temos que repensar o que é padrão de consumo de classe média, e eles, não.
Há um documento, que esperamos aprovar na Rio+20 e que determina essas questões. Temos que mudar e ter consciência de que em um mundo onde teremos bilhões de pessoas de classe média, a ideia do que é o consumo tem que ser mudada. Não podemos ter 7 bilhões de pessoas consumindo como a classe média americana ou italiana.
Valor: O senhor não concorda com a visão “dramática” do mundo.
Lago: Esse alarmismo da falta de recursos naturais vem de Malthus, e a história tem provado que as coisas não são assim. Em 1971 se achava que a população mundial só ia estabilizar em 14 bilhões, mas já sabemos hoje que vai estabilizar em 9 ou 10 bilhões e a partir daí irá cair. E há progresso tecnológico, uma quantidade inimaginável de coisas novas acontecendo.
Valor: Há chance de, na Rio+20, sair uma agência ambiental mundial nos moldes da OMC, para o comércio, ou a OIT, para o trabalho?
Lago: Nós não queremos uma agência ambiental mundial. Essa é a agenda de Estocolmo. Queremos uma agência internacional sobre desenvolvimento sustentável, que trate de maneira equilibrada o econômico, o ambiental e o social. Por outro lado, queremos que seja fortalecido o pilar ambiental no Pnuma, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Mas o que tem que sair do Rio de Janeiro não é o fortalecimento simplesmente do meio ambiente. É o fortalecimento do desenvolvimento sustentável, do tratamento equilibrado entre econômico, ambiental e social. Os europeus dizem que o Brasil está tirando o foco da Rio+20. A Rio+ 20 não é uma conferência ambiental, é sobre desenvolvimento sustentável. Quem está tirando o foco da Rio+20 são eles, colocando apenas o pilar ambiental na mesa.
Valor: Pode sair uma agência sobre desenvolvimento sustentável?
Lago: Este é o objetivo. O fortalecimento da governança internacional de desenvolvimento sustentável. Mas a forma que esta agência terá… Uma coisa é o que o Brasil quer. A outra é o que 193 países querem.
Valor: O que o Brasil quer?
Lago: O Brasil quer que saia uma coisa ambiciosa, que os 193 países queiram. Mas o Brasil não é um país que declara que quer uma coisa extraordinariamente ambiciosa sabendo que aquilo é impossível. Também não podemos predeterminar a opinião de 193 países. Seria pretensioso e inadequado para o presidente de uma conferência.
Valor: Na proposta brasileira defendia-se que o Ecosoc, o conselho econômico e social que existe na ONU, seja reformulado, fortalecido e acrescido da vertente ambiental. Isso pode acontecer na Rio+20?
Lago: Estão sendo examinadas todas as possibilidades. Os países têm diferentes visões. O público e os políticos, em geral, não têm noção do que é o Ecosoc e para o que serve. Temos que ter uma solução que não só seja efetiva para as Nações Unidas, mas percebida como tal pelos governos nacionais e pela sociedade civil.
Procuro sempre explicar que precisamos ter resultados significativos na Rio+20 em três dimensões. Na multilateral, das Nações Unidas, com o fortalecimento da ONU, de seus instrumentos e de sua eficiência. Outra é o que pode trazer de impactos sobre o Brasil, que o país seja o líder mundial na luta do desenvolvimento sustentável. A terceira dimensão é a sociedade civil aceitar e se envolver nessa agenda, o setor empresarial, os trabalhadores, as ONGs, a Ciência. Toda a sociedade civil mundial tem que acreditar que esta é a agenda que deseja para os próximos 20 anos.
Valor: Como os empresários podem aproveitar a Rio+20?
Lago: Os empresários são absolutamente chave na Rio+20. A conferência vai tratar de um assunto caro a eles, que é o longo prazo. O empresariado precisa de segurança com relação ao longo prazo. Na Rio 92 quem apoiava o desenvolvimento sustentável era muito ligado a uma visão idealista do mundo. Eram grandes líderes empresariais convictos de que a dimensão ambiental e social era chave. Nos últimos 20 anos apareceram milhares de exemplos de empresas que ao darem atenção à dimensão social e ambiental, ao lado da econômica, naturalmente, cresceram mais, se fortaleceram, ganharam mais mercado. Um passo importante na Rio+20 é convencer o empresariado médio e micro que o desenvolvimento sustentável não é agenda apenas de multinacionais gigantes, que têm dinheiro sobrando e que, portanto, podem investir nessas outras dimensões. O Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] assinou um convênio com a organização da Rio+20, e isso é uma sinalização internacional de que a entidade que, no Brasil, reúne as pequenas e micro empresas acredita na agenda da sustentabilidade.
Valor: O senhor fala que é importante trazer os mecanismos financeiros internacionais tipo Banco Mundial, BID e FMI para este debate. O que o senhor imagina?
Lago: Se nós estamos pensando em uma entidade – não vamos dar nome à agência, conselho, porque não houve acordo sobre isso – multilateral que vai assegurar que desenvolvimento sustentável seja o paradigma do desenvolvimento mundial, é evidente que essa entidade tem que envolver o Banco Mundial, o FMI, a OMC. Esses organismos são da estrutura das Nações Unidas, mas sua estrutura de funcionamento é muito diferente. Temos que assegurar que esses organismos também sejam defensores do desenvolvimento sustentável.
Valor: Como os EUA estão se comportando com relação à Rio+20?
Lago: Os EUA têm sido muito construtivos. O grande papel que o Brasil pode ter é justamente de, tendo conhecimento das dificuldades que países como os EUA, Alemanha ou Indonésia têm no tratamento de certas questões, conseguir um resultado com o qual esses países possam concordar. Não é nenhuma vitória propor algo que não será consenso e não será aprovado.
Valor: Mas assim não se enfraquece a conferência?
Lago: Há um certo cansaço que existe do público com relação à capacidade da ONU de conseguir coisas ambiciosas uma vez que têm que haver o consenso de mais de 190 países. Há sempre o temor de se ter o menor denominador comum. A sociedade civil vai ficar observando os líderes mundiais e dizendo a eles “vocês podem ser mais ambiciosos.”
Valor: O senhor diz que, nas negociações internacionais, o confronto Norte-Sul que se verificava passa a ser mais pressão sobre os emergentes. É assim?
Lago: No momento em que há uma tal crise nos países mais ricos do mundo, e eles observam China, Índia e Brasil crescendo entrando na lista das maiores economias do mundo, há uma tendência natural dos países ricos de tentar dividir algumas das suas responsabilidades, sobretudo financeiras, com esses países que parecem estar ricos. Tem uma tendência dos países ricos em achar que os emergentes deveriam fazer mais.
Isso é uma deturpação. Apesar de Brasil, China e Índia terem conseguido grandes progressos recentes, são ainda países em desenvolvimento. Nenhum de nós está dizendo que já é desenvolvido. Temos plena consciência de que temos imensa dívida social e muito o que fazer para nos considerarmos desenvolvidos. Estamos tratando com sociedades que têm um nível de qualidade de vida para as suas populações infinitamente superior do que o que Brasil, China e Índia podem oferecer para a maioria da sua população.
Valor: Essa pressão também ocorre nas negociações da Rio+20?
Lago: Na Rio+20 há uma grande diferença entre o que Brasil, China e India consideram que é o maior papel para eles no mundo atual e o que os países ricos consideram que é o maior papel para nós no mundo a partir de agora.



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yanto laitano. como matar um planeta.



como matar um planeta.
de yanto laitano.
* ao vivo no theatro são pedro *

[para josé lutzenberger]

joga o cigarro no chão e reclama da poluição
solta a fumaça no ar e foda-se quem respirar
olha ai esse cara, igual a ele tem mais um zilhão
instala uma usina nuclear num paraíso a beira-mar
corta a floresta inteira e vende pros gringo a madeira
olha aí o nosso mundo, igual a ele não temos nenhum

Mas ainda tem uma minoria que pretende conviver em harmonia com o mundo
e repensar nossa postura de criaturas que só sabem sugar a natureza até se acabar

Lá-lá lá-lá-lá lá-lá-lá, joga no rio a sujeira
Lá-lá lá-lá-lá lá-lá-lá, e diz que poupar água é besteira
Olha não vai ter graça se a vida na terra,
se a vida já era, se a vida na terra acabar

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all you eat. [ español ]


A 30 second promo focusing on the issues which concern you this year
on World Water Day and featuring a soundtrack by DDG Project.
Download your animation on: http://www.unwater.org/worldwaterday


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7 de fevereiro de 2012

run MARS run! * corre MARTE corre!

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wow.

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pib fora do foco da Rio+20. ricardo young.


31/01/2012
 
Fonte: O Globo, Razão Social, p. 14-15

" Depois de economistas do mundo inteiro assumirem abertamente as falhas do Produto Interno Bruto (PIB) como medida comparativa de riqueza, tudo indicava que a discussão sobre novos indicadores teria destaque na Conferência do Clima, Rio+20, que acontecerá em junho e terá como tema principal a economia verde.
Logo que o Rascunho Zero da conferência foi divulgado, na semana passada, quem está de olho no tema foi direto conferir o tópico sobre o PIB no documento. Veio a surpresa: parece que, em meio à crise econômica europeia, o assunto não é mais prioridade.
Apenas um pequeno tópico do documento diz: "Reconhecemos as limitações do PIB como uma medida de bem-estar. 
Concordamos em continuar a desenvolver e fortalecer indicadores complementares ao PIB que integrem as dimensões econômica, social e ambiental de um modo balanceado. Requisitamos que o Secretário-Geral estabeleça um processo em consulta com o Sistema da ONU e outras organizações relevantes".
O economista José Eli da Veiga, do Núcleo Socioambiental da Universidade de São Paulo (USP), que alavanca a discussão no Brasil, reagiu com veemência ao documento:
- É estarrecedor que o primeiro rascunho do texto de resoluções da Rio+20 seja tão incompetente. A atitude da própria coordenação dos trabalhos preparatórios da Rio+20 foi a de fingir que não viram o relatório lançado pelos economistas Stiglitz , Amartya Sen e Fitoussi sobre as limitações do PIB. Se fosse apenas o FMI e o Banco Mundial, seria até previsível. O problema é que a própria ONU entrou nessa.
O debate sobre a necessidade de medir a riqueza de um país de forma multidimensional existe desde a década de 1960 e ganhou terreno ano passado, por causa da divulgação do relatório que resultou de uma comissão organizada pelo presidente da França, Nicolas Sarkosy, reunindo dois economistas prêmio Nobel - Joseph Stiglitz e Amarthya Sen - , além deJean- Paul Fitoussi. O estudo apontou limitações do PIB, entre elas a impossibilidade de medir impactos ambientais, a ausência de avaliação de bemestar, entre outras. Por exemplo, a produção de carros eleva o PIB, mas o indicador não mede a insatisfação de cidadãos com engarrafamentos. E atividades como mineração e extração de petróleo têm peso no PIB, sem se levar em conta os prejuízos ao meio ambiente.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acompanha a discussão, mas ainda não tem esforços locais para estudar novas formas de medir riqueza. É notório, porém, entre economistas, que elevação da produção e crescimento econômico não significam necessariamente desenvolvimento social. É o que explicou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea Cláudio Amitrano:
- Tomar o PIB como medida de riqueza é uma simplificação incorreta. Ele não é a soma das riquezas. Riqueza é um estoque de recursos acumulado ao longo do tempo. O PIB mede a produção, os níveis de renda e o volume de gastos de nações, municípios e famílias. Mas sua renda acumulada representa todo seu bem-estar? Não. É a mesma coisa com o PIB.
Embora o Ipea ainda não tenha grupos específicos para pensar novas medições, Amitrano explicou que a instituição tem agido nos últimos anos para lidar com a complexa tarefa de analisar o fenômeno do desenvolvimento. O Ipea tem estudos que já pensam a pobreza sem analisar apenas a renda, e a sustentabilidade está sendo incorporada nos indicadores aos poucos, especialmente pelo componente ambiental.
- É preciso descobrir formasde gerar novas estatísticas que englobem questões sociais e ambientais. Mas já sabemos que a agenda ambiental é uma tendência no mundo. Uma das tarefas dos líderes de estado nos próximos anos será incluir essas questões junto com o PIB. Só que agora o debate sobre a crise econômica domina tudo, porque a solução é premente. 
Desacelerou a discussão sobre o PIB.
O presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), Renato Maluf, economista que pesquisa a relação entre crescimento econômico e desenvolvimento social, disse que a ideia não seria acabar com o PIB. O importante para ele é que as nações assumam que se trata de uma medida de riqueza enganosa e limitada na hora de analisar políticas públicas:
- O Brasil foi um dos países cujo PIB mais cresceu no período entre a década de 1930 e 1980. Mas foi também um dos países onde a desigualdade social mais se agravou no mesmo período. Por outro lado, agora o PIB do país cresce menos, e os benefícios sociais têm sido maiores. Não dá para desprezar o PIB, porque é uma boa medida de comparação. Mas nele estamos presos apenas àquilo que gera valor monetário. Isso precisa ser debatido.
O grande dilema na produção de novos indicadores é, no entanto, a forma de colocá-los em prática. Mas, segundo o economista Sérgio Besserman, presidente da Câmara de Desenvolvimento Sustentável e Governança da prefeitura do Rio de Janeiro, o importante é deixar de lado a ideia de fazer um indicador perfeito:
- Alguns economistas têm esse fetichismo por um indicador que possa substituir o PIB. Precisamos ampliar, olhar o mundo de forma mais plural. O custo de emitir gases de efeito estufa tem que entrar nas mercadorias, e isso vai mudar toda a economia atual. Hoje, se você destrói a floresta amazônica numa atividade produtiva, você aumenta o PIB numa boa.
Para Besserman, a combinação de vários indicadores que meçam sustentabilidade pode ajudar no problema. 
Ele citou exemplos como a pegada ecológica e os relatórios Estado do Mundo feitos pelo World Watch Institute como complementos, além do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pelo economista Amarthya Sen, que faz parte da comissão de Sarkozy:
- Aqui no Rio, por exemplo, se alguém vive num território controlado por milícias ou pelo tráfico, isso não tem que entrar no cálculo de bem-estar? O que estamos vivendo é um momento em que a sociedadediz "não é só a economia, estúpido" - disse Besserman, em alusão à frase "É a economia, estúpido", popularizada por um marqueteiro da campanha do ex-presidente americano Bill Clinton, na década de 1990.
Há alternativas que estão surgindo, não exatamente para substituir o PIB por enquanto, mas para ajudar a pensar sobre os limites do indicador. Uma delas é o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), que vem sendo aplicado em comunidades e até em municípios. O FIB foi criado no Butão, país budista que o utiliza para avaliar o bem-estar de seus cidadãos. Integrante da discussão sobre o indicador, a futurista Rosa Alegria explicou que o índice capta diferenças entre a prosperidade econômica e a felicidade dos cidadãos:
- O FIB precisa ser adaptado à realidade brasileira. A ideia não é trazer um índice budista e simplesmente aplicá-lo. Mas ajuda a pensar em medidas que ultrapassam os ganhos monetários de um país ou a renda de um cidadão. Há países como a Coreia do Sul, com o PIB elevado, onde o índice de suicídio infantil é alto. E a China, por exemplo, cresce poluindo o meio ambiente e causando doenças à população. O FIB tenta captar como as pessoas se sentem.
Para acompanhar a discussão, além do relatório Stiglitz-Sen-Fitoussi, que está disponível na íntegra no site stiglitz-sen-fitoussi.fr, há outro movimento europeu que vale ser conhecido . É o "Beyond GDP", em tradução literal "Além do PIB", que busca discutir o tema para formular novos indicadores que possam medir qualidade de vida, recursos naturais, saúde e até mudanças climáticas. O site do movimento é beyond-gdp.eu.


ONG cria alternativa

Uma das alternativas ao PIB foi criada pela ONG Redefining Progress . A instituição criou o Índice de Progresso Genuíno (GPI). O indicador usa um sistema similar ao do cálculo do PIB, mas acrescenta informações. Entram no GPI fatores como trabalho doméstico e voluntário, exaustão de recursos não renováveis, poluição, mudanças no tempo disponível de lazer, vida útil de produtos, dependência de ativos estrangeiros, entre outros.
Além disso, na tentativa de captar desigualdades sociais e de distribuição de renda, o GPI cresce à medida que pessoas mais pobres recebem percentual maior da receita nacional; e decresce quando esse percentual cai."
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6 de fevereiro de 2012

‘temos que rever o que consideramos progresso’. andré lara resende.

ANDRÉ LARA Resende: “Considero as agências de “rating” algo completamente irrelevante”, afirma ele


Fonte: Jornal O Globo de 5/2/2012

Resenha EB / O Globo – ENTREVISTA com André Lara Resende - Um dos criadores do real, economista diz que mundo não pode voltar a crescer para sair da crise porque atingiu limite do planeta.
ANDRÉ LARA Resende: “Considero as agências de “rating” algo completamente irrelevante”, afirma ele

Enquanto a evolução da crise mundial polariza o debate em torno de uma solução – entre os que defendem que os governos aumentem seus gastos para estimular o crescimento e os que sustentam que somente a adoção de planos de austeridade será capaz de acalmar os mercados -, o economista André Lara Resende analisa a questão sobre um novo ângulo. Um dos pais do Plano Real, ele diz que existe uma nova restrição: o fato de que atingimos os limites do planeta e, por isso, não podemos mais contar com a expansão da economia como um antídoto contra a crise.
- A capacidade de continuar a crescer nos padrões a que estamos acostumados esbarra nos limites físicos do planeta – afirma André Lara, hoje sócio da Lanx Capital, uma das maiores gestoras de recursos do país.
Recentemente, o economista jogou luz sobre o assunto ao escrever um artigo no jornal “Valor Econômico”, em que recomendava o livro de Paul Gilding, “A Grande Ruptura”, que também aborda o problema. Segundo André Lara, será preciso rever o que consideramos progresso, mas a sociedade não parece caminhar neste sentido:
- Infelizmente, a recusa de ver e agir em relação aos limites ecológicos vai nos levar a uma transição muito mais desordenada e onerosa do que se nos tivéssemos sidos capazes de nos programar para ela – diz, em entrevista por e-mail ao GLOBO.

O GLOBO: O senhor diz que o remédio keynesiano (economista John Maynard Keynes, que defendia a retomada do crescimento, através de gastos públicos e estímulos ao consumo) para superar a crise e o elevado endividamento público não pode mais ser aplicado hoje e diz que a insistência nesse modelo “pode ser uma ortodoxia anacrônica”. Mas como sair da crise, já que só crescendo resolveríamos o problema econômico?
ANDRÉ LARA RESENDE: O crescimento reduz o tamanho relativo das dívidas, tanto privadas como públicas. É a forma menos onerosa e mais eficaz de resolver o problema da indigestão do endividamento excessivo, que ocorre após as grandes crises. Nos anos 30 do século passado, Keynes, com seu talento, sua capacidade de pensar de forma independente e imaginativa, mostrou como é possível usar os gastos públicos para reanimar uma economia estagnada. A situação dos anos 30 era diferente da atual em dois aspectos. Primeiro, porque a depressão levou a uma quebra generalizada, que eliminou o excesso de endividamento. O gasto público funciona como motor de arranque numa economia devastada, mas onde não há mais excesso de endividamento. Não é o caso hoje, porque a ação preventiva dos governos e dos bancos centrais evitou o colapso depressivo, mas em contrapartida, transferiu dívidas do setor privado para o setor público, que já está excessivamente endividado. Segundo – e esta é a restrição nova – porque a capacidade de continuar a crescer nos padrões a que estamos acostumados, por meio do aumento da produção e do consumo de bens materiais, para uma população mundial 40 vezes superior ao que sempre foi até a Revolução Industrial, esbarra nos limites físicos do planeta.

A teoria econômica sempre associou o crescimento ao bem-estar. Há ganho de renda, consumo… É possível ter um sem o outro?
ANDRÉ LARA: Para a teoria econômica, crescimento e bem-estar sempre estiveram associados. Enquanto o nível de consumo é muito baixo, a correlação entre os dois é muito alta. Faz então sentido usar crescimento do produto, uma medida relativamente fácil de ser observada, como indicador de bem-estar. Sabe-se hoje, que a partir do momento em que as necessidades básicas estão superadas, o aumento da renda e da disponibilidade de bens materiais tem muito pouca correlação com o bem estar. Muito mais do que ao aumento do consumo material, o bem-estar passa então a estar associado à coesão social, à qualidade da vida comunitária e a uma menor desigualdade. Pode-se, com certeza, ter aumento de bem estar sem crescimento do consumo material. Para isso, é preciso romper com o equívoco mais agressivamente promovido na modernidade: o de que para ser feliz é preciso consumir, ainda que coisas cada vez mais desnecessárias.

O que dizer aos milhões que vivem na miséria no mundo hoje? Como eles sairão da pobreza se precisaremos parar de crescer?
ANDRÉ LARA: A questão da pobreza, da miséria em que vive ainda grande parte da população mundial, é séria e precisa ser atacada com urgência, mas, se o extraordinário crescimento material dos últimos séculos não resolveu o problema da miséria até hoje, é porque nunca irá resolver. Levantar a bandeira do crescimento material, baseado no consumo de bens cada vez mais supérfluos, em nome do combate à miséria no mundo, é profundamente desonesto.

E para os que estão saindo agora da pobreza e finalmente podendo comprar, caso da classe C no Brasil? Como dizer a eles que não podem consumir porque chegamos ao limite do planeta?
ANDRÉ LARA: A solução não é produzir e consumir mais bens materiais, mas sim reduzir a desigualdade de padrões de consumo. Não é preciso impedir que os mais pobres tenham acesso a um padrão de vida decente, mas sim interromper a espiral de aspirações consumistas estapafúrdias de toda sociedade. Aspirações alimentadas pela propaganda, tanto explícita, como subliminar, mas, sobretudo, enganosa, de que quem mais consome é mais feliz.

Essa ruptura seria o enterro formal do capitalismo como conhecemos hoje?
ANDRÉ LARA: Ao esbarrarmos nos limites físicos do planeta, teremos necessariamente que rever o que consideramos progresso, o que exige rever nossa visão de mundo. O sistema de preços competitivos, como sinalizadores da produção e do consumo, será sempre uma ferramenta fundamental para a organização da economia. Não me parece possível, nem desejável, prescindir do sistema de preços, sobretudo, no momento em que a economia precisa passar por uma reorganização profunda. É preciso, isto sim, ter consciência das suas limitações. No caso dos bens públicos, para os quais o consumo não tem custo individual, mas há custo coletivo, o sistema de preços não cumpre seu papel.

O Japão não cresce há quase 20 anos e tem elevado nível de qualidade de vida. O país pode ser um modelo a ser adotado neste novo padrão que a sociedade precisará ter?
ANDRÉ LARA: A estagnação da economia japonesa, que já dura mais de 15 anos, desde o estouro da bolha imobiliária por lá, pode ser vista como precursora das dificuldades que as demais economias avançadas enfrentam, desde a crise de 2008. A homogeneidade cultural e social do Japão é, sem dúvida, fator importante para que o país tenha resistido relativamente bem à economia estagnada.

Alguns críticos dizem que a tese da ruptura brusca e traumática, e até com racionamento, surge da incapacidade de os economistas explicarem como se sai da crise. O que o senhor acha disso?
ANDRÉ LARA: Compreender as dificuldades e pensar como superá-las é responsabilidade coletiva. Não é atribuição exclusiva de economistas.

Ao mesmo tempo em que o planeta dá sinais de esgotamento, os governos não parecem sensíveis ao tema. Como resolver o problema sem uma política pública clara e direcionada?
ANDRÉ LARA: Apesar de muito barulho, parece não haver ainda uma verdadeira consciência de que os limites físicos do planeta foram ou estão prestes a serem atingidos. Temos grande dificuldade de ver e aceitar o que nos obrigaria a mudar nossa visão de mundo. Infelizmente, a recusa de ver e agir em relação os limites ecológicos, vai nos levar a uma transição muito mais desordenada e onerosa do que se nos tivéssemos sidos capazes de nos programar para ela.

Saída de países do euro é inevitável
O senhor diz que não há sinais de que esta nova abordagem esteja em gestação. Será preciso, então, que os governos imponham a ruptura do modelo para fazermos uma reorganização da economia, com o fim do crescimento baseado na expansão do consumo de bens materiais?
ANDRÉ LARA: Sem consciência de que estamos próximo dos limites vamos atingi-los sem estar preparados. Quando as evidências forem inegáveis, para tentar evitar grandes catástrofes, deverá finalmente haver mobilização e medidas excepcionais serão impostas.

A União Europeia tem solução? A criação de um orçamento fiscal europeu se tornou mais possível agora?
ANDRÉ LARA: Sempre fui um entusiasta da União Europeia, que considero o mais importante experimento de nosso tempo. Trata-se de uma tentativa de governança supranacional, algo que considero fundamental para o futuro pacífico de um mundo necessariamente interligado e interdependente. A moeda única, hoje parece claro, foi uma precipitação. Moeda comum exige orçamento fiscal conjunto. Os estados nacionais não estavam preparados para aceitar esta delegação à União Europeia. Torço para que a crise leve ao aprofundamento da UE em direção à governança supranacional, ainda que, como parece ser inevitável, alguns países periféricos venham a ter que abandonar o euro, pelo menos transitoriamente.

Que países periféricos e por quanto tempo?
ANDRÉ LARA: O candidato hoje é a Grécia, mas, se a saída for bem-sucedida, outros países com problemas poderão seguir seus passos.

Muito se criticou as agências de rating em 2008. Previa-se que elas perderiam credibilidade e peso. Mas isso não parece estar acontecendo. Por quê?
ANDRÉ LARA: Considero as agências de rating algo completamente irrelevante.
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