13 de julho de 2011

SUPER DEBATE. Precisa mesmo?



Nadando contra a maré do discurso corporativo que vem sendo considerado 'in', a campanha promocional das Lojas Renner, que está no ar, reforça estereótipos - de gênero e de consumidor - e mostra uma das imagens que simbolizam tudo o que está na berlinda no debate sobre a sociedade de consumidores: excesso, individualismo, materialismo, consumismo, produção de lixo... "Precisa mesmo?"

A sacola é de papel? Reciclável? Ela vai jogar em que lixo tanta sacola? Com tanta roupa nova, será que a consumidora Renner vai doar alguma? Fazer referência ao gesto de símbolo forte de carregar muitas, muitas, muitas sacolas e ignorar, solenemente, o debate crítico que se dá em torno disso, que, sobretudo nos últimos anos, ganhou visibilidade no Brasil, não dá. Quer dizer, dá.

O assunto do filme é aproveitar o desconto e as ofertas. Qual seria o motivo para que uma publicidade como essa deixasse de fazer um elogio ao excesso de consumo? Escolhesse um outro caminho criativo? De fato, não há motivo algum. A menos que a loja fizesse jus ao seu próprio marketing de responsabilidade social. 

Recentemente, o Conar, que representa o debate sobre a publicidade no Brasil do ponto de vista dos publicitários, resolveu encarar o problema do greenwash. Até eles acharam que tava demais o que é dito [ sem base de realidade] nas campanhas 'eco' qualquer coisa. [ se bem que... depois da polêmica do McDonalds ... o que esperar? ]

No site da Renner, Responsabilidade Social é um link pequeno no rodapé. Quase nem dá pra ver. Também não dá pra ver Responsabilidade Social nesse filme. Quando o assunto é responsabilidade social estamos falando de que, exatamente? A publicidade tá fora da conta? É muito vacilante a noção de  'responsabilidade social'.

Não tenho nada contra as lojas Renner. E não tenho absolutamente nada contra contra roupinhas novas e legais que custaram pouco. Mas né? 





Licença Creative Commons #supercarrinho @supercarrinho

4 comentários:

  1. EU não consigo acreditar em nenhuma grande empresa que vem com esse papo de responsabilidade social. É caro, é dificil, envolve um mudança de mentalidade.

    Acho que uma ou outra empresa publica deve efetivamente ter um programa de sustentabilidade séria. Isso pq ela são financiada com dinheiro publico.

    Que grande empresa, vai fazer uma propaganda pra dizer: "olha, compre menos, voce já tem muita roupa. Mas se algum dia precisa de verdade, daí você tentar lembrar da gente" .... impossível

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  2. rafael, verdade, difícil imaginar uma publicidade assim.

    não é bem disso que tô falando.

    o que chama a atenção nesse filme é que a renner utiliza uma imagem que vem servindo a representar tudo o que o mundo [ ao menos, o ocidental, desenvolvido e em desenvolvimento, que consome em alto grau] não dá mais conta de bancar.

    excesso de sacolas, excesso de compras, consumismo...

    será que precisa dessa referência pra anunciar desconto e promoção?

    quando uma empresa se diz socialmente responsável a publicidade tá fora da conta?

    amei seu comentário e obrigada pela participação.

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  3. Não precisa NÃO!
    Dá pra anunciar 'super descontos' sem cair no exagero quase grotesco de promover a multiplicação de sacolas, que corresponderia a qtde de compras. O comercial promove o consumo desenfreado e falta total de noção de uma idéia sustentável. Tentaram fazer piadinha (homem x mulheres), mas acabou virando uma piada de muito mal gosto. Dava sim, pra anunciar sem cair no caminho fácil e estereotipado de que todas mulheres são consumistas frenéticas por natureza. NÃO PRECISAMOS DE TUDO ISSO. FATO!

    adorei o post, flor. Bj. Rosângela.

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  4. Eu vi a propagando no horário nobre de segunda-feira e pensei na mesma coisa!! Tem uma outra, mais 'clássica' de lojas de rede, onde a mulher entra e passa por setores, experimentando e levando tudo bem feliz pra casa.

    Mesmo assim, ela sai com umas 5 sacolas em cada braço. E me fiz a mesma pergunta - por que minha realidade é outra: "nossa, que será que ela vai doar quando chegar em casa?"

    Essa ideia de se desfazer de algo dá outro sentido para as compras desenfreadas. O ato de comprar se torna racionalizado, uma vez que eu gosto das minhas queridas pecinhas que estão no roupeiro, fazendo companhia há mais tempo, que já passaram por poucas e boas (ou muitas, e às vezes nem tão boas assim), trazendo lembranças e ressignificando o mero usar de alguma delas: "Usei esse tênis num show bem legal"; "usei esse moletom naquela viagem"; "esse cachecol me dá sorte!". A 'troca' tem que valer mto a pena. Senão...prefiro não trocar..vai que a peça nova dá azar, né? :P

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super carrinho. faça as idéias rodarem aqui também.
obrigada pela participação no debate.