3 de março de 2011

jogador de futebol que provocou a morte de coruja recebe ameaças na colômbia.

dica da @srtaane





02/03/2011

Violência contra uma coruja
Por Ulisses Capozzoli

            O caso da coruja chutada pelo jogador panamenho Luis Moreno, durante uma partida de futebol de sua equipe, o Deportivo Pereira e a Junior de Barranquilla, no domingo, na Colômbia, surpreende pelas reações que está produzindo.
            A ave, que vivia no estádio do Junior de Barranquilla e era a mascote da equipe, havia sido atingida por uma bolada e se debatia no gramado. Foi quando Moreno chutou-a, provavelmente com a intenção de retirá-la do campo e provocou uma reação irada da torcida.
            Duas situações confluem para explicar a reação da torcida:
            Primeiro a ave era mascote da equipe do Barranquilla e a reação, talvez, da maior parte da torcida se deva ao fato de ter o símbolo do time agredido pelo adversário.
            Segundo: parte dos torcedores do Junior de Barranquilla e eventualmente até do Deportivo Pereira, a equipe de Moreno, podem ter reagido com indignação à violência praticada pelo atleta contra a ave.
            Um trabalho de investigação na área das ciências do comportamento para avaliar o que de fato ocorreu seria de enorme interesse para avaliar o que de fato ocorreu.
            Se for apenas uma reação do Barranquilla contra a agressão ao seu símbolo, pode-se perguntar qual a sensibilidade de milhares de pessoas reunidas num estádio para a percepção do sofrimento de um animal tão inofensivo como uma coruja.
            A violência, de modo geral, expande-se pelo mundo através dos meios de comunicação a ponto de deixar as pessoas insensíveis a situações que mereceriam um mínimo de reação?

O que ocorreu?
Parte do público em geral, torcedores de ambos os times, se indignaram contra o que foi um ato de violência inconsciente de Moreno?
            O atleta, como ocorre com certa frequencia na população em geral, tem insensibilidade para o sofrimento de um animal, o que se estenderia também às pessoas?
            Cenas de gosto repugnante ─ como pessoas mergulhando em tanques na companhia de animais à primeira vista repulsivos, como serpentes  exibidos em programas apelativos e cada vez mais frequentes nas TVs de qualquer país contribuem para banalizar a violência e a insensibilidade ao sofrimento de humanos e animais?
            Qual a responsabilidade social/profissional de cientistas das áreas do comportamento  da psicologia à sociologia  para acontecimentos dessa natureza e que, na maioria dos casos permanece sem investigação?
            Explico-me melhor:
            Logo após a Segunda Guerra Mundial, com a explosão das duas primeiras bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, cientistas como Bertrand Russell e Albert Einstein deflagraram o Movimento Pugwash, com o objetivo de impedir que bombas atômicas novamente fossem utilizadas contra sociedades humanas.
            Mais recentemente e apenas para ficarmos em dois exemplos, o físico e cosmólogo inglês Martin Rees publicou um livro Our final hour (Nossa hora final) sobre a possibilidade de destruição do planeta como consequencia de atitudes humanas.
            Por que físicos, historicamente, têm tomado atitudes de responsabilidade científica, aparentemente em maior proporção que cientistas das áreas de humanidades, mais restritos ao formalismo da pesquisa?
           
Abundância de material
Material de pesquisa certamente é o que não falta para área das humanidades.
            Basta observar a reação dos frequentadores da rede à postura de Luis Moreno, o jogador que chutou a coruja. O animal morreu mesmo depois de ser atendido por veterinários.
            Boa parte dos comentários defende que o jogador também deveria ser espancado. Ou a que mãe dele ou outro parente mais próximo seja submetido a espancamentos.
            Isso revela, de forma inequívoca, que a violência, neste caso, esteve dentro e se expandiu para fora do estádio do Barranquilla.
            Já o atleta aparentemente está em estado de choque.
            Quando chutou o animal, como provavelmente boa parte dos jogadores de uma pelada faria com uma coruja ou qualquer outro animal, só agora ele parece ter tido consciência de seu ato de violência.
            Tudo o que ele deseja, aparentemente, é que o tempo passe rapidamente, as pessoas se esqueçam do que ocorreu e as ameaças contra ele cessem.
            E o que fazem agentes do Ministério Público contra os vergonhosos rodeios, disseminados pelas “festas de peão” que tiveram como centro irradiador a cidade de Barretos, no interior de São Paulo?

Mulheres no laço
Nesta cidade já ocorreram casos de garotas serem laçadas na rua, como se fossem gado  fugitivo.
            Ou de serem atingidas com sacos plásticos de urina, no que parece ser uma grotesca e equivocada demarcação de território por pretensos machos alfa, com hormônios exaltados.
            O Ministério Público, com poucas exceções, se restringe à mesmice, anestesiado por uma violência histórica que não poupa qualquer forma de vida.
            Os acontecimentos, no estádio do Barranquilla, talvez possam estimular um mestrando ou doutorando a pesquisar nesta área.
Ou investigar o submundo das festas de peão, caça níqueis que beneficiam uns poucos e contribuem para disseminar uma violência que, obviamente, não se restringe aos animais, embora isso seja o bastante para que fossem coibidos.
            E a publicar trabalhos, sob forma de livros, para conscientizar a sociedade quanto a uma postura mínima de respeito a tudo o que vive.       




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