3 de março de 2011

consumo superaquecido reforça cautela na política de juros.


Denise Neumann | Valor, 3/3/2011

SÃO PAULO - O Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre foi puxado pelo forte consumo das famílias, que acelerou e registrou alta de 2,5% em relação ao terceiro trimestre, na série com ajuste sazonal, o maior crescimento do ano. Esse resultado, anualizado, indicaria um ritmo de demanda superior a 10%, claramente preocupante.
Na ponta da oferta, contudo, o PIB da indústria de transformação  recuou pelo segundo trimestre consecutivo, acumulando queda pouco superior a 2% sobre o desempenho do segundo trimestre do ano passado. Do quarto para o terceiro trimestre com ajuste sazonal, a baixa foi de 0,4%, depois de já ter declinado 1,6% no terceiro trimestre contra o segundo trimestre.  No conjunto, quem salva o PIB total da indústria é o setor extrativo, com alta de 2,5% no quarto trimestre, que veio na sequência de uma alta de 2%.
Mesmo tão díspares, os dois dados do PIB não indicam um


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descompasso entre oferta e demanda,  embora claramente aumentem os riscos para a gestão da política monetária. O “buraco” aberto entre a demanda e a oferta no final de 2010 não foi provocado porque a indústria  “estourou” sua capacidade de atender aos desejos de consumo da população - afinal, nos dois primeiros trimestres de 2010 ela produziu mais do que no segundo semestre. Se as encomendas estivessem chegando às fábricas, porque elas cortariam a produção? O dado do PIB referente à importação confirma que é ela que atendeu parte expressiva do aumento de demanda das famílias no segundo trimestre ao crescer 3,9% em relação ao terceiro trimestre, também na série com ajuste sazonal.
Embora os dados do quarto trimestre não permitam falar em descompasso entre oferta e demanda — a alta de 0,7% do PIB no período tenha sido até um pouco inferior ao previsto pelos analistas para a comparação entre o quarto e o terceiro trimestres— eles ajudam a entender a escalada da inflação nos últimos meses de 2010 e no começo de 2011. A demanda — superior a 10% em termos anualizados — sancionou aumentos de preços. Se conhecido ontem (oficialmente os dados não eram conhecidos, embora o ministro da Fazenda Guido Mantega tenha cravado o resultado do PIB anual na segunda-feira),  talvez o resultado do consumo das famílias tivesse mudado, para cima, o resultado do Comitê de Política Monetária (Copom).


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