PS - Assisti a estréia (22 de agosto), na exibição especial em Brasília, no auditório do Museu da República. O próprio Silvio participou do debate, depois de uma fala empolgada do Stédile, para uma platéia de iguais: muita gente do movimento social, estudantes, ativistas de causas mil. Mesmo quem era meio ET - tipo eu - tinha um olhar de apoio à iniciativa. O filme é instrumento da campanha permanente contra os agrotóxicos. A amiga que assistiu comigo e trabalha no governo sentiu falta de uma referência a tentativas e cases da política para a agricultura que, se não podem reverter, ao menos atenuariam esse quadro. Se o evento fosse do governo, certamente o filme expressaria otimismo com o que vem sendo feito. Digamos que o filme é do lado de cá e deixa tudo um pouco na mão calejada do movimento social. Eu senti falta da fala de alguém do Procon e do Criança e Consumo, e me incomodou o foco na impossibilidade da escolha de modo rápido ou superficial. Há muitas respostas do movimento de consumidores nesse sentido. Mereciam a nota, mesmo que deixando claro o quanto essas iniciativas bem intencionadas são pequenas, considerando a escala global dos "velozes inimigos" e a ausência de um ataque na raíz (transgênica) do problema. Como foi bem lembrado por alguém que se manifestou depois, também não foi mencionado o quanto a soja é sinônimo de veneno. Até levantei a mão pra debater com o pessoal do evento, mas era tanta gente inscrita e falando - nem sempre sobre o tema, quem já foi em atividade de movimento social sabe como é, e sabe como pode ser mais importante, às vezes, para a mobilização, deixar que falem além ou fora do que se espera que seja dito - que sai antes do debate acabar. Se o Brasil, com essa campanha permanente acontecendo há algum tempo, é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, imagina sem ela. O tom agudo e pesado, de denúncia de crime contra os direitos humanos, faz sentido - aliás, o sempre brilhante Eduardo Galeano aborda muito bem esse ponto no seu depoimento; e parece que a história desse registro audiovisual teria começado numa conversa entre o Silvio e ele. Deve ter sido inspirador mesmo. Foi aproveitado um aúdio do Mundo Sustentável em que o André Trigueiro arrasa (só pra variar um pouco - ele sempre arrasa, desde que não tenha que comentar a morte da Amy Winehouse). Escrevi esse post depois de comer um sanduba de tomate. Para eu saber se o tomate continha agrotóxico ou não, só perguntando para o tomate. Acompanhado de um café, cuja cadeia produtiva não tenho a menor idéia se escravizou alguém e se permitiu ao produtor um comércio justo. Ê, lelê.
O veneno está na mesa [ 2011 ]
documentário de Silvio Tendler
O veneno está na mesa”, o mais novo documentário do cineasta Silvio Tendler. O filme, feito para a Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, mostra em apenas 50 minutos os enormes prejuízos causados por um modelo agrário baseado no agronegócio. Além dos ataques ao meio ambiente, os venenos cada vez mais utilizados nas plantações causam sérios riscos à saúde tanto do consumidor final quanto de agricultores expostos diariamente à intoxicação. Nessa história toda, só quem lucra são as grandes empresas transnacionais, como a Monsanto, Syngenta, Bayer, Dow, DuPont, dentre outras. O documentário aborda como a chamada Revolução Verde do pós-guerra acabou com a herança da agricultura tradicional. No lugar, implantou um modelo que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar. Nós somos as grandes vítimas dessa triste realidade, já que o Brasil é o país do mundo que mais consome os venenos: são 5,2 litros/ano por habitante. A ANVISA denuncia que, em 2009, quase 30% dos mais de 3000 alimentos analisados apresentaram resultados insatisfatórios, com níveis de agrotóxicos muito acima da quantidade tolerável. Apesar do quadro negativo, o filme aponta pequenas iniciativas em defesa de um outro modelo de produção agrícola. Este é o caso de Adonai, um jovem agricultor que individualmente faz questão de plantar o milho sem veneno, enfrentando inclusive programas de financiamento do governo que tem como condição o uso desses agrotóxicos. Outro exemplo vem da Argentina: em 2009, a presidenta Cristina Kirchner ordenou à ministra da saúde, Graciela Ocaña, a abertura de uma investigação oficial sobre o impacto, na saúde, do uso de agrotóxicos nas lavouras. Enquanto isso, no Brasil, há incentivo fiscal para quem usa esses produtos, gerando uma contradição entre a saúde da população e a economia do país, com privilégio da segunda. [ sinopse da assesoar]
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obrigada pela participação no debate.