30 de maio de 2011

União Europeia debate proibição de sacolas plásticas.


Quando o assunto é uso de sacolas plásticas, o comissário europeu para o Meio Ambiente, Janez Potocnik, é taxativo: “Nós avaliaremos todas as possibilidades, inclusive a proibição na União Europeia”, garante.
A maioria das cerca de 500 sacolinhas consumidas anualmente por cada cidadão do bloco europeu é usada uma única vez – um prejuízo incalculável para a natureza.
Tanto o Departamento Federal do Meio Ambiente da Alemanha quanto o Ministério alemão do Meio Ambiente mostram-se, todavia, um pouco céticos quanto à possibilidade de uma proibição geral de sacolas plásticas na União Europeia (UE), pois os países-membros possuem características muito heterogêneas. Em cada um deles, o uso das sacolinhas acontece de maneira distinta.
Na Alemanha, por exemplo, calcula-se que sejam gastas cerca de 65 sacolinhas por pessoa por ano – número bem abaixo da média da União Europeia. O sistema de reciclagem alemão também é considerado bastante eficiente. Embalagens plásticas, como sacolas, são jogadas em latas de lixo especiais. Dali elas são transformadas em outros sacos ou produtos plásticos.
Taxas sobre sacos – A intenção, no entanto, é melhorar ainda mais este índice. Heribert Wefers, assessor técnico da Liga do Meio Ambiente e Proteção à Natureza na Alemanha (Bund), vê diferentes caminhos, que não passam necessariamente pela proibição.
“Talvez outras coisas influenciem mais a consciência do consumidor. Precisamos sair dessa cultura de jogar fora. É possível introduzir taxas sobre as sacolas sob forma de impostos”, sugere. Importante é que as taxações incidam sobre sacolas de uso único e sobre as biodegradáveis e as de papel, que também possuem materiais nocivos ao meio ambiente.
A proibição de sacolinhas de plástico está longe de ser uma unanimidade entre os alemães. Parte da população acha que estes sacos são bastante práticos e justifica que eles custam muito pouco ou quase nada, além de poderem ser usados na chuva. Outra parte, no entanto, já adotou bolsas ou cestas.
Medidas diversificadas – O uso das sacolas plásticas é pauta em diversos países. Segundo levantamento da Departamento Federal do Meio Ambiente da Alemanha, 25% dos países em todo o mundo são contra o uso das polêmicas sacolinhas. Mas cada um lida com o tema de maneira diferente.
Austrália, Índia e alguns países africanos proibiram seu uso. Já alguns estados dos EUA, Bélgica e Irlanda sobretaxaram as sacolas, tornando-as muito caras para o consumidor. Segundo Wefers, a maioria obteve sucesso com a medida. Para se ter uma ideia, entre os irlandeses constatou-se que a imposição reduziu o volume de sacos em 90%.
Na China, por exemplo, elas não podem mais ser oferecidas gratuitamente. “Com a medida, o número de sacolas de plástico que vão parar no meio ambiente foi reduzido em dois terços”, afirma Wefers.
No Brasil e na Itália – No Brasil, Belo Horizonte foi a primeira cidade a adotar uma lei que proíbe a venda e a distribuição de sacos plásticos. A medida passou a valer em abril deste ano e a expectativa é de que 450 mil sacolas deixem de ser consumidas por dia na capital mineira. As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro também contam com legislação semelhante, mas ainda estão no período de adaptação.
Há pouco tempo, a Itália editou uma proibição do uso de sacolas de plástico convencional nas compras. Em seu lugar foram introduzidos sacos biodegradáveis. Porém, tanto a Bund quanto o Departamento Federal acreditam que os biodegradáveis são uma fraude. Apesar de o termo soar como algo positivo, na verdade não é bem assim. Segundo Wefers, muitas usinas de compostagem não conseguem, por exemplo, identificar se trata-se de um composto biodegradável ou de plástico convencional. Além de conter material nocivo ao meio ambiente, esse material não se degrada tão facilmente como se espera.
Para o Departamento Federal do Meio Ambiente da Alemanha, o foco deve estar em opções que considerem sacos que possam ser usados mais vezes. O vice-porta-voz do órgão, Stephan Gabriel Haufe, defende duas alternativas para o plástico: “As sacolas de algodão ou de juta [fibra vegetal] podem ser usadas mais vezes e são feitas de materiais biológicos. O que não acontece com a sacola de papel, que leva muita substância química em sua composição para que o material fique mais firme. E isso a torna bastante cara”, explica.
Problemas ambientais – Em terra, as sacolas plásticas são um grande problema. Depois de usadas, elas são simplesmente jogadas fora e depois, distribuídas pelo vento. Frequentemente aparecem espalhadas pelas praias, parques e também no meio das cidades.
O problema no mar, no entanto, é mais grave. Além do grande tapete de lixo formado por plástico descartado, também há uma grande quantidade de pequenas partículas plásticas. Segundo o comissário europeu, atualmente cerca de 250 bilhões de partículas plásticas boiam atualmente apenas sobre o Mediterrâneo. A decomposição desses pedacinhos pode durar até cem anos.
“Estas pequenas partículas de plástico nos preocupam especialmente porque nestes trechos do oceano a concentração deste material acaba sendo maior do que a de plânctons. Os peixes comem estas partículas e ficam com o estômago mais cheio de plástico do que de plâncton. E aí está o perigo de morrerem de inanição com o estômago cheio”, explica Wefers.
A situação também é complicada para pássaros marinhos. Alguns correm o risco de se enroscarem no material e, com isso, ficarem sufocados. Outros acabam ingerindo as partículas automaticamente ao comerem os peixes que já têm plástico em seu organismo.
Além da poluição na terra e no mar, sacolas plásticas têm outra grande desvantagem. “Elas são produzidas a partir de petróleo, uma matéria-prima que daqui a um tempo pode não mais existir. Quanto menos usarmos as sacolas, mais vamos ajudar a poupar este recurso”, explica Haufe. 
(Fonte: Folha.com)

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