16 de junho de 2012

SUPER DEBATE. é a conferência rio. mas não como nós a conhecemos.

essa ilustração é uma matéria do planeta sustentável aqui

vi duas palestras do professor tim jackson sobre esse mote do então recém-lançado livro "prosperidade sem crescimento". de graça. no meio universitário. sem afetação. sem esse clima do tipo: "você tem a fórmula mágica, todos os governos estão errados etc..." como foi em território gringo, também não tinha esse clima "uau, eles estão mais avançados que nós". paciência zero pra essa começão de milho na mão de quem destruiu suas próprias florestas e tem feito o mesmo com o estado social. não é ufanismo, mas sucks. é ótimo que mais gente no brasil tenha a oportunidade de ouvir/debater ao vivo com idéias e tanta gente que nunca apareceram/ aparecem por aqui. tem muito dever de casa para fazer. mas né? menos. o brasil não é o mesmo país - embora ainda esteja longe de ser plenamente o que o seu povo e a sua biodiversidade merecem e precisam - que respondia à pressão internacional criando ministério do meio ambiente e, de certa forma, fazendo a eco 92. amazônia, serra pelada e cubatão já não fazem rodízio nas manchetes diárias no jornal nacional. tanto a pauta da economia quanto a pauta ambiental só estão colando por aqui por que o vai-e-vem da geopolítica mundial está colocando os holofotes nos chamados emergentes, brics e afins. a preocupação dos mais ricos é como dar conta do crescimento das potenciais potências, mercado que interessa, sem tirar do seu saquinho de moedas de ouro, como a polêmica sobre a contrapartida entre países pobres e ricos em relação às emissões deixa antever. o "sustentável" aí tem mais a ver com a economia, embora a embalagem dos argumentos seja a floresta e, em última instância, sem floresta não tenha é nada. 
um dos símbolos desse debate por uma economia mais sustentável (palavrinha inspiradora mas que, infelizmente, ninguém agüenta mais), tem sido o robin hood tax.  essa volta do robin hood traz as duas coisas: a floresta e a economia. por isso serve tão bem à causa. mas daí a eleger algumas vozes e cérebros como o robin hood da vez vai uma distância. óbvio que o debate ambiental (assim como o movimento e todos os seus derivados verdes) amadureceu e muito, não só no país, mas no mundo todo. ganhou espaço, respeito, força, autoridade. e, sim, sair da comunidade hippie para pensar com os banqueiros pode ser considerado um avanço. prosperidade sem crescimento é uma bandeira que é hasteada por pesquisadores, ativistas e vem ganhando espaços nos governos, ao menos espaço de palestra em conferência. mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. mesmo que tenha mudado o tom de verde, a causa continua (tem que continuar) sendo ambiental. a causa não é econômica only. até por que econômica only não existe, pelo menos desde georgescu-roegen, dizem. aposto com otimismo na conversa entre consumo e meio ambiente, sobretudo em um planeta mais quente - ou não estaria tentando conhecer, estudar, pesquisar sobre o assunto -, mas quando o papo se resume a uma discussão sobre dividir o consumo entre consciente e inconsciente e/ou onde colocar o dinheiro, tem alguma coisa errada. o debate destes dias tem girado em torno da gaveta onde o dinheiro "verde" (dólares) deve ser aplicado e, mais uma vez, a voz dos países em desenvolvimento some em meio aos gritos das bolsas de valores dos países desenvolvidos e/ou engrossa o coro, com intermediários de todas os timbres (governos, gestores, ativistas, empresas, ONGs, pesquisadores...) 
apesar de ter chegado mais junto no coração e na mente das pessoas, o debate ambiental continua discursando dentro da floresta. novos "fora-da-lei" chegam todos os dias, embora hoje em dia nada seja mais mainstream que ser green. só que estão pintando de verde o debate econômico e chamando isso de crítica ambientalista. a participação expressiva do setor privado e a ausência de líderes políticos importantes é uma foto da rio+20 que diz bastante. e olha que eu não me reconheço no rótulo de ambientalista, como diz aquele ótimo artigo da lisa curtis, "não me chame de ambientalista", que traduzi aqui. meu professor da UnB postou ontem um comentário super pertinente no facebook sobre o tema. reproduzo abaixo. foi um comentário não só sobre a badalação em torno do tim jackson (ele postou junto com o link da matéria do valor econômico), mas também em torno das tintas dessa conversa toda. o andré trigueiro postou outro dia que muita coisa tinha mudado entre os dois crachás dele: o usado pelo jovem repórter na cobertura da eco 92 e o crachá novinho em folha, do hoje experiente comentarista, na rio+20. certamente, a quantidade de robin hood saindo da floresta de davos e dos laboratórios de inovação tecnológica e criatividade é uma dessas mudanças às quais ele se refere.
claro, viva a rio+20: ruim com ela, pior sem ela (acho). a esperança é a última que mata, frase famosa do millôr. e a história é uma dinâmica que se configura no curso do tempo, como disse o norbert elias: não faz sentido determinar, a priori, o sentido da história. vou passar por lá na semana que vem. mas sem euforia. até robin hood deve estar meio passado com a tarefa de salvamento que lhe cabe.

"Quando não é a criatividade, é a economia verde. Novos intelectuais e intermediários nesta luta simbólica em torno da definição do desenvolvimento, a peleja cada vez mais acentuada. A Conferência Rio+20 é um entre tantos capítulos na dinâmica histórica que se vai desenhando. Desmontar consensos na tentiva de instaurar outros. Fico pensando se à altura em que estamos muito do que se fala a respeito de crescimento econômico e afins já tem seu sentido e sua eficácia simbólica bem comprometidos. Países ricos e emergentes querem dizer o que finalmente."


Professor Edson Farias - Sociologia, UnB. #Fb






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obrigada pela participação no debate.