2 de maio de 2012

xingu "O" filme.


'é um filme muito triste. poxa vida'
'antes quando era filme brasileiro, eu não gostava, mas agora, que filme excelente'
'do início ao fim te mantém num estado de expectativa perfeito'
'esse daí tem que ganhar o oscar'
'tem muita política nessas coisas de premiação, 
política é barra, mas tinha que ganhar o oscar'
'o caio blat aparece na novela, mas como ele é bom ator'
'dos 600, só ficou 79'
'quem fez esse trabalho lindo deve ter ficado muito feliz'
'eu gostei muito do felipe camargo, ele está demais'
'a música é maravilhosa, deram o recado com perfeição'
'como é aquele outro ator, que faz o claudio? impressionante como é ele é bom'
'a gente já sabe a história, estudou, mas esse filme é de se ter, para ver de novo'
'não consigo levantar depois de um filme assim e ir saindo'
'quem tem consciência dessas coisas acho que fica maluco'
'faz as pessoas pensarem, é para educar o mundo'
'esse filme aí todo mundo tinha que assistir'


cappuccino (tá muitooo frio no sul): 1 real
pipoca: 3 reais
meia-entrada: 6 reais
ouvir seus pais dizerem essas frases
na saída do filme  Xingu O Filme,
imediatamente após a sessão:
não tem preço.

e não tô dizendo isso pq dos 3 ingressos, 2 foram cortesia da promoção
que ganhei na fan page do filme no facebook.



ela, professora de história e geografia, ensino fundamental. ele, militar/músico. ambos aposentados. assistimos na véspera do filme sair de cartaz no shopping mais novo da cidade (uma cidade de tamanho médio com mais de um shopping é tão desconcertante  quanto ver um filme como xingu num shopping). na primeira tentativa, o projetor estava quebrado (coisas do interiorrr) e xingu não foi exibido durante 3 dias na semana da estréia regional, que aconteceu uma semana depois da estréia nacional. obviamente, todos os blockbusters estavam OK.


só consegui ir de novo hoje
(sem duas pessoas queridas que deveriam ter ido com a gente),
na mesma semana de estréia dos vingadores.

de um lado, a fila dos vingadores.
de outro, a fila para assistir a história de candidatos ao nobel da paz.

4.567.876.543 pessoas na fila de lá.
e uns gatos pingados na fila de cá.

mas, pra minha surpresa, lá dentro, quando a sessão começou,
tinha espectadores numa quantidade esperada para uma segunda semana.
e chegou mais gente, atrasada.
ainda que a sala não estivesse lotada, a gente estava longe de estar sozinho.

e veja bem: era a útima sessão, 21h de uma noite gelada,
após o feriado de 1 de maio.

certamente, o merchandising padrão globo tem a ver com isso,
mas não só. seria leviano reduzir a isso a recepção positiva do filme.



ainda tô absolutamente comovida.
(emoção que vem se acumulando desde o anúncio das filmagens,
o blog, os trailers, sou mega fã do cao hamburguer...)
e, se me conheço bem,
vai ficar reverberando um tempão.
neles também.
valeu ter dado um jeito de ir junto.

(fiquei um pouco incomodada com a abordagem do orlando, confesso,
acho que não era o caso. mas também não sou conhecedora do tema.
de resto, amei tudoooooo, especialmente várias escolhas
pra sugerir passagem do tempo e apresentar personagens históricos,
para explicar as tensões, sendo didático, sem esquecer que,
mesmo o telespectador médio, pensa.)
(fiquei viajando na correspondência de id, ego e superego
nos personagens dos irmãos)

obviamente,
deu vontade
de ler a marcha para o oeste outra vez.
e de reler darcy ribeiro, saber mais sobre pierre clastres,
sobre o trabalho do isa (que só soube que existia em 2011, sorry),
e me lembrei da fala de um monte de gente,
do relato, das fotos e filminhos de quem já foi lá,
das coisas que tenho aprendido com o povo com o qual passei a conviver mais
nas sociais da unb, deu vontade de aprender mais.
lembrei das viagens para o méxico, colômbia, bolívia...
lembrei até de gisele no xingu
deu vontade de ver o xingu no olhar do washington novaes,
de antecipar uma viagem que já está planejada...

mas, principalmente,
deu vontade
que, depois de subir os créditos,
não existisse
belo monte,
código florestal,
conferência,
debate sobre aquecimento global,
nem nada que ainda precisasse,
depois de tanto tempo,
exigir o óbvio...

acabou a ditadura, acabou o filme, mas...
o drama xingu não acabou: está aí.
aqui, em vários lugares do mundo.

também deu vontade que
a mesma cidade, no rio grande do sul,
onde assisti xingu com meus pais,
não tivesse os índios que (não)tem,
vendendo artesanato no calçadão.

na páscoa, soube que venderam cestinhas para os ovos de chocolate.

"...da Aldeia do Guarita, em Tenente Portela, e vêm duas vezes ao ano – por ocasião do Natal e da Páscoa – para vender as cestas de vime que confeccionam durante o ano."




para as crianças dessa escola de classe média, saber como é feita uma cestinha de páscoa de vime foi uma "aula de cultura indígena". é a história que sobrou para contar sobre os donos da terra.

xingu é essencial, por mais que haja críticas
- e sempre há críticas para um filme que se propõe a abordar,
de um jeito mais leve, a história pesada do brasil,
sem esquecer da cobrança que vem junto por ter sido "inspirado livremente"
em fatos conhecidos e outras obras.
xingu é essencial nesses tempos em que vivemos
e soma no debate ambiental e sobre direitos humanos, urgente,
que ainda chega para poucos.

numa pesquisa recente, a rio+20
faz sentido apenas para  1 em cada 8 brasileiros .

nesse contexto, até a fila do cinema pra ver xingu se torna essencial.
essencial, sobretudo, para quem ainda não faz parte dela
e de tudo o que ela representa.

dá vontade que,
50 anos depois, tudo fosse diferente.
mas se vontade fosse suficiente
eu tava era até agora vendo xingu,
e não aqui, enrolada num edredon,
postando sobre ele,
depois de voltar do cinema.

se xingu ainda estiver em cartaz onde você mora,
se sair em dvd, sei lá, mesmo que esteja um clima de alasca,
como o que estava hoje, aqui,
assiste.
se não estiver nem previsto,
vê se você começa um movimento
para que ele seja exibido aí.
espero que seja distribuído, exibido, promovido
como parte dos programas do mec (não o sanduíche, que é mc,
nem o ensino que se vende, mas o ministério e sua política educacional)
(xingu precisa ser enviado, sobretudo, para escolas como aquela)

o nome dessa odisséia cinematográfica não poderia ser melhor:
xingu é mesmo "O" filme.

 Licença Creative Commons  #supercarrinho  @supercarrinho

2 comentários:

  1. Não sei como foi a divulgação do filme, nem o esquema p/ tal. Mas, sabendo do pouco público que foi ver a película, acho que houveram erros, não sei de quem. 1 horário por dia, sem nenhum banner ou painel de propaganda dentro do cinema pode ser um dos motivos. P/ se ter uma idéia, tive que ir duas vezes ao cinema p/ poder ver o filme. Acho que isso explica, se não tudo, pelo menos em parte. No mais, o filme é simplesmente excelente!

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  2. você tem 100% razão. acho que houve bastante foco em merchandising e internet, mas, ao menos longe das capitais, ficou bastante a desejar na promoção no local do cinema, algo que funciona bastante. isso considerando as barreiras já existentes numa disputa tipo xingu X vingadores, embora numa boa ver os dois filmes. filme bom, boa história pra contar, existe em qualquer gênero. QUE BOM QUE A GENTE VIU! QUE BOM QUE A GENTE FOI! obrigada por rodar suas idéias por aqui. volta sempre : )

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super carrinho. faça as idéias rodarem aqui também.
obrigada pela participação no debate.