5 de maio de 2012

lendas e mitos das prateleiras.

Sobram promessas no supermercado: há produtos orgânicos, ecologicamente corretos, biodegradáveis... Mas às vezes isso pode ser propaganda enganosa


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Basta dar uma volta no supermercado para perceber imediatamente a onda verde que hoje assola o comércio: produtos biodegradáveis, orgânicos, feitos com material reciclado e até mesmo que "não usam animais como cobaias" vêm tomando de assalto as prateleiras, com a promessa de ser a solução ideal para cons¬ciên¬cias ecologicamente preocupadas. No entanto, e isso não é raro, produtos anunciados como amigos da natureza não passam de marketing em estado bruto. 
Muitos fatores envolvidos no processo de fabricação não são facilmente percebidos em um simples passeio pelos corredores da loja. É preciso um olhar minucioso e atenção redobrada para não acabar levando um item que pode ser tão prejudicial ao planeta quanto qualquer outro fabricado da maneira tradicional. Embalagens oxidegradáveis, por exemplo, foram lançadas no mercado há alguns anos como alternativa ao plástico comum das velhas sacolas. Mas oferecem risco similar à natureza. Explica-se. Ao serem descartadas, elas se degradam com mais facilidade, sim, mas seus componentes químicos vão permanecer no solo por muitos anos. 


Um fator importante na hora de consumir conscientemente é saber o caminho que o produto percorreu até chegar ao mercado. Nesse sentido, selos e certificações são uma boa medida para o cliente descobrir se alguns itens têm realmente a origem (ou os benefícios) que seus rótulos alardeiam. Geralmente emitidos por organizações não governamentais, ou por órgãos intermediários do governo, tais comprovantes informam se os processos de produção respeitam determinados critérios em diferentes setores do mercado. Há selos, por exemplo, para itens agrícolas, florestais e pecuários. O mais conhecido no Brasil é o FSC (do inglês Forest Steward Council), que regula o manejo na produção de madeira, sementes e papel. 
Esse certificado garante que o produto em questão se vale dos três pilares básicos da sustentabilidade: ser economicamente viável, ecologicamente adequado e socialmente justo. Ao mesmo tempo, os títulos ISO 14005 e ISO 16001, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), informam sobre o grau de responsabilidade social envolvido. Auditado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, há ainda o Rainforest Alliance Certified, de olho no respeito à biodiversidade e às condições de salubridade dos trabalhadores rurais. Na parte de cosméticos orgânicos, a certificação mais conhecida é o Ecocert - dado apenas quando se constata que pelo menos 95% da matéria-prima utilizada na produção é de origem vegetal e orgânica. 

Com a tendência dos produtos verdes definitivamente incorporada ao mercado, o desafio para a indústria parece ser viabilizar a equação sustentabilidade ver¬sus viabilidade econômica. Produto verde, sabe-se, é quase sempre mais caro que o similar comum (veja o quadro ao lado). Mas algumas empresas já têm planos para reverter essa situação. A marca de jeans americana Levis, por exemplo, se associou a uma ONG que vigia o cultivo sustentável do algodão e pretende diminuir seus gastos com água, o que certamente garantirá um custo mais competitivo aos seus produtos. A empresa já colocou no mercado a calça Waterless, que ge¬ra uma economia de 96% de água na fabricação, e, além disso, vem gravando recados na etiqueta das roupas que estimulam o cliente a lavá-las menos vezes. 
A CONSCIÊNCIA ESTÁ NA MODA A estilista Mirna Ferraz, dona da marca Alice Disse, é adepta convicta da ecomoda. Seu guarda-roupa abriga peças produzidas com matérias-primas naturais ou que pelo menos não agridam tanto a natureza - sapatos de tecido, roupas de algodão orgânico e fibra de bambu são itens que se espalham pelo closet. Ela não compra nada que não venha com selos de responsabilidade social e ambiental. Tem nas mãos o produto final, mas não se esquece de todo o processo de fabricação. "Preciso ter certeza de que foram respeitados os direitos de quem o fabricou", afirma. No quesito estética, ela pondera: "No Brasil, roupas ecológicas ainda estão associadas a um conceito hippie, com coleções por demais despojadas". Sobre o custo das peças, ela conta que não se importa em pagar mais por itens sustentáveis. "Estou investindo em um mundo melhor para meus filhos", acredita. Como no país ainda é impossível montar um guarda-roupa 100% sustentável, a empresária eventualmente recorre a marcas que já foram acusadas de usar mão de obra escrava nas confecções. "Compro, mas a contragosto", admite.

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