Autor(es): Vinicius Neder* Enviado especial o ESTOCOLMO
Para ministra da Suécia, tecnologia é saída para crescer sustentavelmente Trazer a economia para o centro do debate sobre desenvolvimento sustentável é a única forma de fazer as negociações avançarem, na avaliação da ministra da Cooperação para o Desenvolvimento Internacional da Suécia, Gunilla Carlsson. No cargo desde 2006, Gunilla chefiará na Rio+20 uma delegação que qualifica como de alto nível, que deverá incluir o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, e o rei Carl XVI Gustaf. Apesar disso, ela reconhece que o momento político internacional é difícil. Por causa da crise e de um ano de eleições em vários países, é um momento difícil para o Brasil, como anfitrião, fazer os líderes irem disse Gunilla em entrevista exclusiva ao GLOBO após a Estocolmo+40, conferência preparatória para a Rio+20 promovida pelo governo sueco nesta semana, reconhecendo os esforços do Brasil para garantir a presença de líderes mundiais. O que temos que fazer na Rio+20 é nos recomprometermos com os compromissos já feitos.
O GLOBO: O momento da diplomacia mundial não é des favorável à discussão sobre desenvolvimento sustentável na Rio+20?
GUNILLA CARLSSON: Há muitas expectativas e oportunidades. E um senso de urgência de que precisamos nos comportar de f orma mais responsável, para ter mais sustentabilidade tanto econômica quanto social. Os últimos anos de crises, pobreza persistente, mudanças climáticas e instabilidade
PARA a ministra Gunilla, Rio+20 tem oportunidades e desafios
Penso e insisto que temos que começar mudando as realidades econômicas. A China e tantos outros viram isso financeira mostram que é preciso que os líderes se juntem e concordem que temos que resolver as coisas em conjunto. Por outro lado, sei que, por causa da crise e de um ano de eleições em vários países, é um momento difícil para o Brasil, como anfitrião, fazer os líderes irem, pois eles estão preocupadas com questões nacionais. Pela Suécia, estarei chefiando uma delegação de alto nível.
E quais as expectativas para a conferência?
GUNILLA: Acho que vamos concordar sobre a necessidade de metas para o desenvolvimento sustentável. Mas o que temos que fazer na Rio+20 é nos recomprometermos com os compromissos já feitos. Temos que começar a entregar (resultados) e prometer que vamos usar as belas convenções existentes. Agora, como estamos falando de economia, se pudermos concordar em como dar valor aos recursos (naturais) e medir externalidades (como o aquecimento global) seria bom para construir um ambiente favorável ao crescimento. Estamos indo para a sustentabilidade de uma forma ou outra. Todos têm que repensar um pouco. Gosto de ver o Rio como um trampolim para algo novo que seja para todos nós.
Será difícil a Rio+20 ser uma conferência de finitiva?
GUNILLA: Exatamente. O mais importante é que reconheçamos que precisamos começar a medir (recursos naturais e externalidades), mesmo que não estejamos prontos para concordar sobre como fazer isso.
O quão importante é trazer a discussão econômica para dentro do desenvolvimento sustentável?
GUNILLA: E o único jeito de fazer isso para valer. O chamado mundo em desenvolvimento está liderando o crescimento, com novos mercados e novos consumidores, na China, na América Latina, na Africa. As coisas estão mudando. O racional econômico de crescer a essa velocidade é também mostrar que os preços e os custos de não ter preocupações ambientais estão lá. E por isso que penso e insisto que temos que começar mudando as realidades econômicas. A China e tantos outros viram isso. E por isso que a agenda da sustentabilidade em relação à proteção do ambiente está agora na mesa. Mas também sabemos que ainda há pobreza. Vimos a China tirar milhões e milhões da pobreza graças ao crescimento, investimen tos em educação e saúde. E por isso que acredito no desenvolvimento.
Como colocar juntos crescirnento e sustentabilidade?
GUNILLA: Tentando usar a ciência que temos. Precisamos entender que os recursos são os seres humanos, que a economia e a maqumaria e que os msumos sao o ambiente. E temos que ser cuidadosos com os recursos naturais. Se tivermos um acordo inicial para reconhecer e entender a importância de começar a medir (o valor dos recursos naturais e de externalidades)... Estou otimista, mas ainda é uma nova forma de pensar, uma nova forma de fazer política global. Não estamos apenas fazendo belas convenções, mas colocando isso no centro da política e da economia. ( ) O repórter viajou a convite da Embaixada da Suécia
"Nos temos que trazer o setor privado"
O GLOBO: E um grande desa fio juntar crescimento e sustentabilidade?
GUNILLA: Sim, mas já era o que decidimos em Estocolmo há 40 anos. Naquele tempo, já falávamos dos três pilares da sustentabilidade (ambiental, econômico e social). Não de uma forma tão concreta, pois era uma conferência ambiental. Então veio a Comissão Brundtland (comissão das Nações Unidas liderada pela ex-primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, cujo relatório foi lançado em 1987) e a última vez que estivemos no Rio (em 1992) tratou-se dos três aspectos. Agora, finalmente, estamos começando a ver como colocar os três juntos. Pela primeira vez, e com o forte encorajamento do Brasil, vimos que nós temos que usar o setor privado, pois é nele que os recursos são criados.
Qual sua avaliação sobre os esforços do governo brasileiro em tomo da Rio+20?
GUNILLA: Estou impressionada. Mesmo com a incerteza e os problemas que algumas nações estão enfrentando, o Brasil está insistindo em ser um bom anfitrião, preparar muito bem a conferência e ter a confirmação de chefes de Estados. Também sei como as pessoas estão tentando fazer isso de forma mais moderna. Nunca vi antes um pensamento tão profundo sobre como engajar a sociedade civil, trazendo diferentes atores. (Vinicius Neder. Enviado especial).
28/04/2012Fonte: O Globo
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super carrinho. faça as idéias rodarem aqui também.
obrigada pela participação no debate.