O Estado do Mundo 2010 mostra que há muito por fazer na luta para, ao menos, diminuir o fosso entre populações de elevado consumo, que movimentam mercados concentrados, e 1/5 da humanidade que luta para sobreviver e cujo cenário, se algo não mudar, tende a piorar em função da crise ambiental.
Uma amostra dessa gritante diferença está na abertura desse importante documento.
Nos Agradecimentos, logo na primeira página, são revelados os bastidores da elaboração do estudo: ele foi concebido no outono de 2008 durante um jantar, enquanto os autores saboreavam uma massa em Oslo, na Noruega. Até onde li, nenhuma menção foi feita a essa ironia. É um paradoxo curioso, no mínimo. O documento que denuncia as diferenças gritantes dos padrões de consumo não foi inspirado pelo testemunho impactante de nenhuma falta, não foi inspirado pelo contato com uma situação de miséria, em que a ausência da comida fosse o drama maior, numa escala de intermináveis tragédias humanas.
No final dos Agradecimentos, os autores convidam o leitor ao debate.
Naturalizamos o consumo - o excesso, seu luxo, o acesso a ele - quando somos convidados da festa, quando estamos consumindo artigos 'desnecessários' (como jantar fora). Esquecemos da incrível fila de pessoas que foi barrada, e nem queriam um banquete: ter acesso ao consumo mínimo já estaria bom.
Tão longe essa realidade está de nós que esquecemos dela. Mesmo quando escrevemos um relatório como o Estado do Mundo ou um blog como esse. Esquecemos. Mesmo sendo um Super Carrinho, eu não tenho o poder de lembrar de tudo, né? Mas a leitura d'O Estado do Mundo - a começar pelo seu Agradecimento - me oferece informações que avivam essa dolorosa lembrança. Às minhas costas, enquanto também saboreio uma massa, milhões de pessoas apertam seus narizes contra o vidro da janela. Mas tragam o vinho. Tinto. Para combinar com a massa. Ah que bom seria se todos os fartos jantares pelo mundo, especialmente aqueles entre nutridas lideranças, inspirassem bons trabalhos assim, como O Estado do Mundo.
Uma amostra dessa gritante diferença está na abertura desse importante documento.
Nos Agradecimentos, logo na primeira página, são revelados os bastidores da elaboração do estudo: ele foi concebido no outono de 2008 durante um jantar, enquanto os autores saboreavam uma massa em Oslo, na Noruega. Até onde li, nenhuma menção foi feita a essa ironia. É um paradoxo curioso, no mínimo. O documento que denuncia as diferenças gritantes dos padrões de consumo não foi inspirado pelo testemunho impactante de nenhuma falta, não foi inspirado pelo contato com uma situação de miséria, em que a ausência da comida fosse o drama maior, numa escala de intermináveis tragédias humanas.
No final dos Agradecimentos, os autores convidam o leitor ao debate.
Naturalizamos o consumo - o excesso, seu luxo, o acesso a ele - quando somos convidados da festa, quando estamos consumindo artigos 'desnecessários' (como jantar fora). Esquecemos da incrível fila de pessoas que foi barrada, e nem queriam um banquete: ter acesso ao consumo mínimo já estaria bom.
Tão longe essa realidade está de nós que esquecemos dela. Mesmo quando escrevemos um relatório como o Estado do Mundo ou um blog como esse. Esquecemos. Mesmo sendo um Super Carrinho, eu não tenho o poder de lembrar de tudo, né? Mas a leitura d'O Estado do Mundo - a começar pelo seu Agradecimento - me oferece informações que avivam essa dolorosa lembrança. Às minhas costas, enquanto também saboreio uma massa, milhões de pessoas apertam seus narizes contra o vidro da janela. Mas tragam o vinho. Tinto. Para combinar com a massa. Ah que bom seria se todos os fartos jantares pelo mundo, especialmente aqueles entre nutridas lideranças, inspirassem bons trabalhos assim, como O Estado do Mundo.
(página VII)
Este livro foi concebido no outono de 2008 durante uma conversa em um jantar com o ex- Presidente do Conselho do Worldwatch, Øystein Dahle. Enquanto saboreávamos a massa em Oslo, discutíamos o quanto as culturas de consumo precisarão mudar para que a espécie humana prospere verdadeiramente. Ao voltar para Washington, propus a ideia de enfrentar essa questão no Estado do Mundo 2010. Com alguma surpresa, recebi da equipe administrativa e do Conselho de Administração do Worldwatch o sinal verde para prosseguir. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos eles por acreditarem que esse assunto seria um tema valioso para nossa principal publicação, mesmo que se mostre controverso.e opiniões ao relatório. Meu muito obrigado a estes autores por seu tempo e contribuições prestimosas (...)
Após esse breve momento de júbilo, começou o longo processo de criação deste livro. Formou-se um comitê Estado do Mundo, e a orientação de seus integrantes revelou-se essencial durante todo o processo. Muito obrigado a todos vocês pelas horas consumidas em discussões sobre as ideias mais recentes que surgiam, por sugerirem autores e temas, e por ajudarem o projeto a ir adiante (...)
Após esse breve momento de júbilo, começou o longo processo de criação deste livro. Formou-se um comitê Estado do Mundo, e a orientação de seus integrantes revelou-se essencial durante todo o processo. Muito obrigado a todos vocês pelas horas consumidas em discussões sobre as ideias mais recentes que surgiam, por sugerirem autores e temas, e por ajudarem o projeto a ir adiante (...)
(página X)
Por fim, deixando o agradecimento mais importante para o final, quero agradecer a você. Se você estiver lendo isto agora, posso supor que está interessado em se aprofundar neste assunto – afinal, quem mais persistiria ao longo de quatro páginas de nomes? O objetivo deste livro é ajudar a trazer as culturas humanas de volta ao eixo antes que arruinemos os sistemas ecológicos do qual nós, enquanto espécie, dependemos. Sua ajuda para mudar culturas é essencial. Como indicado pelo livro, há incontáveis maneiras de se envolver.
Muitas mais serão discutidas em nosso site, blogs.worldwatch.org/transformingcultures
E quando visitar o site, pense em começar um grupo de discussão sobre o relatório ou mobilizar sua própria rede de relacionamentos para fazer acontecer a mudança que você quer ver. É assim que novas culturas começam!
Josi Paz - Doutoranda em Sociologia pela Unb,
pesquisa o tema sociedade de consumidores e mudança climática. @josipaz
#supercarrinho @supercarrinho
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super carrinho. faça as idéias rodarem aqui também.
obrigada pela participação no debate.